O Marrocos quer transformar a admiração pela campanha de sua seleção na Copa do Mundo em capital diplomático para garantir um papel maior no futebol africano e apoiar sua candidatura para sediar o torneio global.
A performance também pode se tornar outra arma no arsenal diplomático de Rabat para obter apoio internacional em uma longa disputa pelo território do Saara Ocidental, onde o movimento Frente Polisário, apoiado pela Argélia, busca a independência, dizem analistas.
Quando o Marrocos enfrentar a França em Doha nesta quarta-feira, será o primeiro time africano a disputar uma semifinal de Copa do Mundo e de longe o país árabe mais bem-sucedido na história do torneio, trazendo bandeiras marroquinas por todo o continente africano e Oriente Médio.
Fontes da Federação de Futebol do Marrocos disseram que isso deve ajudar a fortalecer as chances do país que planeja sediar a Copa Africana de Nações de 2025 e a Copa do Mundo de 2030.
“Temos estádios prontos com a infraestrutura necessária e uma seleção que ganhou popularidade no continente depois de se tornar a primeira seleção africana a chegar às semifinais”, disse uma fonte da federação que pediu anonimato.
O Marrocos ampliou os laços com outras federações africanas de futebol nos últimos anos, ajudando no treinamento ou oferecendo estádios para jogos das eliminatórias da Copa do Mundo para aqueles em conflito, tudo com o objetivo de ampliar sua influência na África e além.
O objetivo imediato pode ser ganhar apoio para sediar torneios de futebol, mas o professor de política externa Atik Essaid disse que as táticas de “soft power” também fazem parte da tentativa de Rabat de ganhar apoiadores na disputa pelo Saara Ocidental, subjacente a grande parte de sua diplomacia.
Essaid, que trabalha na universidade Hassan 2º, em Casablanca, descreveu o sucesso esportivo como “um meio de diplomacia popular”.
Ainda no futebol, uma resolução marroquina foi adotada pela Confederação Africana de Futebol negando a filiação a qualquer entidade não reconhecida pela Organização das Nações Unidas, uma medida que visa manter o Saara Ocidental fora dos torneios internacionais.