O presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP), desistiu de sua candidatura à presidência da Câmara em prol do líder de seu partido na Casa, Hugo Motta (PB). Dessa forma, a disputa pela sucessão de Arthur Lira (PP-AL) ganha novo rumo, com a possibilidade de Motta se tornar um candidato de consenso. As informações são de Catia Seabra, Julia Chaib, Victoria Azevedo da Folha de S. Paulo.
Pereira comunicou a decisão ao presidente Lula (PT) e a Lira. Ainda nesta noite, o presidente da Câmara conversaria com o líder do União Brasil, Elmar Nascimento, para alinhavar a costura desse acordo.
Segundo relatos, o presidente do Republicanos comunicou sua decisão a Lula ao lado do ministro Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos). Na conversa, o petista teria dito que não se opõe ao nome de Motta, mas que gostaria de conhecê-lo.
Além de informar Elmar sobre a articulação, falta convencer o líder do PSD, Antonio Brito, a abrir mão da candidatura em nome de um acordo. Segundo um cardeal do centrão, isso ainda não aconteceu.
Elmar também ainda não deu sinais de desistência, e a cúpula da União Brasil já tinha afirmado em conversas reservadas que o partido não aceitaria um nome da “terceira via”.
Integrantes do Planalto, porém, veem com otimismo a chance de construir o acerto.
O nome de Motta era ventilado nos bastidores como possibilidade de uma candidatura de consenso, por ele ter bom trânsito entre parlamentares de diversos partidos na Câmara, mas esbarrava em Marcos Pereira —que, até então, negava qualquer possibilidade de desistir da disputa.
De acordo com um aliado do parlamentar, essa mudança ocorreu após Pereira ter ficado contrariado com a atitude do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, em não abrir mão da candidatura do partido.
Kassab se reuniu com Pereira na semana passada e com Lula nesta terça-feira (3). Nas duas ocasiões, afirmou que o PSD não retiraria a candidatura de Brito neste momento.
O líder do Republicanos tem a simpatia de membros do governo Lula, além de ser próximo do presidente do PP, Ciro Nogueira (PI).
Por outro lado, deputados petistas demonstraram apreensão nos últimos dias, quando o nome de Motta voltou a ganhar tração nos bastidores, diante da proximidade dele com Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara e um dos principais atores do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
As eleições ocorrem em fevereiro de 2025, e Lira não pode se reeleger. Dessa forma, tenta transferir seu capital político em torno de um nome de sua escolha. Até o momento, deputados diziam que a tendência era que esse candidato fosse Elmar, já que os dois são próximos.
Hugo Motta também foi citado em reunião entre Lira e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no domingo (1º). De acordo com um interlocutor dos dois políticos, o presidente da Câmara apresentou cenários da disputa e mencionou a hipótese da candidatura de Motta. Já Bolsonaro teria demonstrado resistência a Pereira.