Mais de 80 pessoas morreram numa explosão em uma refinaria de petróleo clandestina no sul da Nigéria, uma área devastada por décadas de vandalismo e exploração ilegal de hidrocarbonetos.
A explosão ocorreu na noite de sexta-feira (22) no local clandestino entre os estados petrolíferos de Rivers e Imo, no sul, informou a polícia.
“Recuperamos pelo menos 80 corpos gravemente queimados”, disse Ifeanyi Nnaji, da Agência Nacional de Gerenciamento de Emergências (Nema), acrescentando que o número de vítimas pode aumentar.
“Soubemos que há muitos corpos nas matas próximas”, destacou.
O responsável da Nema assegurou que a explosão causou queimaduras graves a várias outras pessoas.
“Acreditamos que muitas dessas pessoas morreram mais tarde no hospital”, acrescentou.
Nnaji explicou que o local da explosão está repleto de veículos e tambores carbonizados, usados para transportar o petróleo roubado.
A polícia confirmou que a explosão ocorreu em uma refinaria ilegal, mas não deu dados sobre o número de vítimas.
Alguns meios de comunicação relataram mais de cem mortes na explosão, a última de uma longa série de incidentes neste país, o maior produtor de petróleo da África, onde esse tipo de acidente é frequente.
Vandalizar e roubar
Na região petrolífera do Delta do Níger, criminosos de algumas comunidades locais vandalizam rotineiramente oleodutos para transferir e roubar petróleo, que é refinado em locais clandestinos, para finalmente serem vendidos no mercado paralelo.
A maioria dos habitantes vive em extrema pobreza, apesar dos milhões de dólares gerados na região, com uma produção de cerca de dois milhões de barris por dia.
A Nigéria, o maior produtor de petróleo africano, obtém 90% da receita do país com essas exportações.
Segundo fontes do setor formal, o país perde cerca de 200 mil barris de petróleo por dia devido ao vandalismo, roubo e transferência ilegal de petróleo.
Mas os habitantes da região acusam as grandes petroleiras de terem contribuído para a contaminação da área, sem participar de seu desenvolvimento.
Décadas de incidentes devastaram manguezais e vilarejos inteiros, onde a pesca e a agricultura garantiam a sobrevivência como fonte de renda local.
A pior explosão de um oleoduto na Nigéria ocorreu em outubro de 1998 na cidade de Jesse, no sul do país, causando mais de 1.000 mortes entre seus habitantes.
O governo mobilizou o exército para realizar operações para destruir refinarias ilegais no Delta do Níger e tentar impedir o saque dos recursos petrolíferos.
Mas essa repressão produziu poucos resultados até agora, e centenas de refinarias ilegais continuam operando entre os pântanos e as florestas da região.
Uma investigação foi aberta para determinar o que causou a explosão de sexta-feira, disse à AFP o chefe da Agência Nacional de Detecção e Resposta à Transferência de Petróleo (Nosdra), Idris Musa.
“As investigações estão em andamento e o incêndio que começou após a explosão foi parcialmente controlado”, disse ele.