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sexta-feira 30 de julho de 2021 às 05:28h

Maioria vê 2022 com otimismo e espera que emprego volte a nível pré-pandemia

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Você se sente otimista em relação à sua vida no ano que vem? Entrevistados pelo Datafolha, 85% dos paulistanos dizem que sim; 61% se dizem mesmo “muito otimistas”, resposta que é ainda mais comum entre os mais pobres do que os de maior renda.

De acordo com a Folha de S. Paulo, há mais gente esperançosa com o futuro imediato em geral do que com os rendimentos do trabalho (para 52%, vai aumentar) ou com a expectativa sobre o poder de compra (para 43%, será maior).

De qualquer modo, a perspectiva de dias melhores se reflete na possibilidade de comprar mais bens ou ter acesso a mais serviços, especialmente plano de saúde, casa e carro (de 2020 para 2021, a proporção de paulistanos com carro de lazer caiu de 52% para 39%).

Para o Datafolha, 72% dos entrevistados dizem que terão casa própria em 2022 (ora são 56%) e 56% contam que terão plano de saúde (atualmente, 37% têm). O ânimo parece se basear na esperança de que a situação do emprego seja ao menos parecida com àquela anterior ao início da pandemia, no começo de 2020.

Antes da Covid, 38% dos paulistanos eram contratados com carteira assinada, segundo informações que deram ao Datafolha no mês de junho. Nessa mesma rodada da pesquisa, apenas 28% diziam manter esse tipo de emprego.

A perda do emprego com CLT afetou mais as mulheres (queda de 13 pontos) do que os homens (baixa de 6 pontos). O desemprego médio passou de 4% para 8%. No ano que vem, o desejo dos paulistanos é que a taxa de empregados com CLT volte ao que era antes da epidemia e, claro, que o desemprego seja menor.

A expectativa é realista? Por ora, a recuperação do terreno perdido na recessão da Covid é mais rápida do que o esperado. É possível que o PIB cresça 5,3%, o suficiente ao menos para compensar a perda de 2020, segundo a mediana das estimativas de economistas compiladas semanalmente pelo Banco Central no Boletim Focus. No entanto, a recuperação do emprego é mais lenta. Grosso modo, as opiniões parecem convergir para a ideia de que o número de pessoas ocupadas em meados de 2022 seja semelhante ao do início da pandemia.

Vai ficar um tanto mais caro financiar uma casa ou um carro, embora a mudança do nível de juros talvez não seja o maior empecilho à compra desses bens (é possível que a incerteza sobre o futuro da economia pese mais).

Embora as taxas do financiamento imobiliário ainda estejam em níveis historicamente baixos, o custo do crédito aumentará ao menos neste ano, pois a taxa básica de juros da economia (Selic), definida pelo Banco Central, terá subido de 2% ao ano para 6,5% até dezembro, no mínimo, levando as demais também para cima.

Os juros básicos sobem por causa da inflação, o que de certo modo transparece na pesquisa Datafolha, embora a maioria dos paulistanos espere ter aumento de salário ou renda no ano que vem.

Para 37%, o rendimento do trabalho agora é menor do que no início da epidemia. Para 52%, será maior em 2022. Um tanto menos espera que o poder de compra aumente: 43%. A discrepância pode expressar o sentimento de que a inflação reduz o poder de compra mesmo com mais emprego e crescimento.
As expectativas de aumento do rendimento do trabalho em geral são parecidas entre as pessoas das faixas de renda mais baixas ou mais altas.

No entanto, como era de esperar, a redução do salário foi mais difundida entre os mais pobres: para 44% daqueles de rendimento familiar igual ou menor do que dois salários mínimos e de 20% para quem ganha dez salários ou mais. Tiveram “alguma” dificuldade financeira 57% dos paulistanos, em média; para quem ganha até dois salários, a taxa sobe para 72%. Em média, quase um terço dos paulistanos diz que o dinheiro foi insuficiente para comprar alimentos; para quem até dois salários mínimos, foi uma situação enfrentada por mais da metade (52%).

Como era de esperar, a disparidade socioeconômica fica evidente também na mudança da organização do trabalho. No total, 37% dos paulistanos passaram a trabalhar em casa em pelo menos algum momento da epidemia. Entre aqueles com ensino superior, foi a situação de 61%; para quem estudou até o ensino fundamental, de 16%. Entre aqueles com renda superior a 5 salários mínimos, cerca de 63% puderam deslocar o trabalho para suas casas; para quem ganha até 2 salários mínimos, 19%.

Dos que experimentaram o home office, a maior parte gostaria de continuar trabalhando em casa (cerca de 57%). Em suma, se todos os que trabalharam de casa por causa da epidemia pudessem continuar a fazê-lo, 21% dos que trabalham deixariam de se deslocar até seu emprego.

Seria mudança significativa na ocupação de escritórios, no uso de transporte público, uso de ruas e avenidas por carros e talvez até no consumo de roupas e acessórios relativo à apresentação no local de trabalho. A circulação um tanto mais reduzida tenderia a diminuir o consumo associado à mobilidade e pelo menos alterar serviços como o de alimentação fora do domicílio. A vida em São Paulo seria diferente.

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