O brasileiro está otimista sobre a relação de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com o Poder Judiciário, mostra pesquisa Datafolha feita nos dias 19 e 20 de dezembro.
A convivência do próximo ocupante do Palácio do Planalto com ministros dos tribunais superiores, incluindo o STF (Supremo Tribunal Federal), e juízes de primeira e segunda instâncias será ótima ou boa para 54% dos entrevistados.
Pouco mais de um quarto dos entrevistados (26%) respondeu que a relação será regular. Para 16% será ruim, e 4% não opinaram.
A pesquisa Datafolha ouviu 2.026 pessoas em 126 municípios de todo o Brasil e tem índice de confiança de 95%. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
A proporção de otimistas da futura relação entre Lula e o Judiciário é mais alta entre os moradores do Nordeste, região onde o petista teve quase 70% dos votos válidos nas eleições. O pessimismo, por sua vez, é mais alto entre os mais ricos.
Após anos de relação conturbada em razão das investigações da Operação Lava Jato e do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), a tensão entre o PT e a cúpula do Judiciário começou a baixar a partir dos achados da Vaza Jato.
Publicada inicialmente pelo The Intercept Brasil e depois em parceria do site com outros veículos, incluindo a Folha, a série de reportagens revelou detalhes das mensagens trocadas entre os integrantes da força-tarefa do Ministério Público Federal.
O material mudou o rumo das ações penais contra Lula e, em abril do ano passado, o Supremo anulou as condenações do petista, que chegou a ficar preso por 580 dias entre 2018 e 2019, e o reabilitou para disputar as eleições deste ano.
Concluída a disputa, Lula desembarcou em Brasília para uma série de encontros com a cúpula do Legislativo e do Judiciário.
Foi ao STF e ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), e elogiou a atuação das duas cortes no “enfrentamento à violência, à ilegalidade, ao desrespeito” feito contra a democracia pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores.
Ao ser diplomado pelo TSE, no último dia 12, o petista voltou a tecer elogios ao Judiciário pela “firmeza” na defesa do processo eleitoral. Ele prometeu a retomada da normalidade institucional depois do fim do atual governo.
“É com o compromisso de construir um verdadeiro Estado democrático, garantir a normalidade institucional e lutar contra todas as formas de injustiça, que recebo pela terceira vez este diploma de presidente eleito do Brasil”, disse.
Ministros e advogados que atuam na corte acreditam no resgate da relação cordial entre Lula e a corte que marcou seus dois primeiros mandatos, entre 2003 e 2010.
O futuro presidente poderá preencher duas vagas no Supremo nos quatro anos de mandato, com as aposentadorias de Ricardo Lewandowski e Rosa Weber, que atingirão a idade-limite atualmente em vigor, de 75 anos. Os dois chegaram à corte em administrações petistas.
Ao longo do mandato, além de Rosa, a atual presidente, vão comandar a corte os ministros Luís Roberto Barroso e Edson, ambos indicados por Dilma. Quem preside a corte tem a prerrogativa de definir a pauta de julgamentos.
Ao final de quatro anos de Bolsonaro, o Supremo encerra o ciclo com uma melhora nos índices de aprovação. O Datafolha apontou que a corte teve aumento na taxa de aprovação em relação ao meio do ano.
A rejeição, por sua vez, oscilou para baixo, no limite da margem de erro. A maioria das pessoas considera o trabalho do Supremo como regular.