O líder do seu partido na Câmara dos Deputados, Altineu Côrtes (PL-RJ), afirmou segundo Gabriel Sabóia, do O Globo, que a maioria dos parlamentares da legenda bolsonarista está disposta a apoiar a candidatura de Hugo Motta à presidência da Casa. A bancada do PL se reunirá nesta quarta-feira (30), às 15h, com o presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto, para alinhar um posicionamento e, de acordo com Altineu, o anúncio do apoio pode ser formalizado já durante a tarde. Em encontro com alguns deputados bolsonaristas, pela manhã, Motta recebeu uma lista de demandas e projetos considerados prioritárias pela bancada. A PEC das Drogas e o PL da Anistia estão entre os pontos. Motta teria prometido dar seguimento aos projetos.
— Motta esteve conosco e ouviu as demandas da bancada do PL. A PEC das Drogas está nessa lista, queremos que ande. O PL da anistia já está em andamento, com a criação de uma comissão que dará mais transparência ao processo. Vamos ouvir a decisão de todos da bancada e acredito que esta decisão pode sair hoje. Entendo que já há uma maioria pelo apoio ao Hugo Motta. Apresentamos ao Hugo um pedido pela diminuição das urgências que atropelam as comissões e pedimos também previsibilidade das pautas. Ele assumiu este compromisso. O próprio Bolsonaro já afirmou que não há condicionante da Anistia ao apoio ao Motta. Mas, a comissão terá o seu andamento normal — disse Altineu.
Arthur Lira atuou em duas frentes para tentar cacifar Hugo Motta ao comando da Casa em fevereiro de 2025. Pela manhã, anunciou publicamente o seu apoio à candidatura do aliado. Na visão do deputado do PP, que há dois meses ainda dava suporte a Elmar Nascimento (União-BA), o líder do Republicanos é o nome da “convergência”.
O parlamentar também utilizou uma manobra regimental para retardar a tramitação da proposta que trata da anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro. A intenção é que o tema não seja utilizado como barganha pelo PL para apoiar um dos candidatos. Também abriria portas para o PT chancelar de uma vez o apoio a Motta, já que o parlamentar não precisaria se comprometer com a pauta neste momento.
A cerca de dois meses do fim de sua gestão, Lira tenta segurar as rédeas do processo de sucessão e evitar que a expectativa de poder o torne irrelevante, o que reservadamente não seria visto como algo negativo por governistas. O deputado entende que a manutenção da influência sobre o Centrão pode ser importante para se posicionar no futuro, seja no próprio Legislativo ou em novas disputas eleitorais.
Ao tentar costurar um nome de consenso e liderar a Casa até o fim do período, o presidente da Câmara também mantém musculatura para negociar um acordo favorável ao Congresso sobre as emendas parlamentares e honrar compromissos com aliados. A distribuição desses recursos está travada por ordem do Supremo Tribunal Federal.