De um lado a má notícia. De outro, a oportunidade. A primeira: estudo da FGV mostra que 66% das Micro e Pequenas Empresas (MPEs) brasileiras ainda estão nos níveis iniciais de maturidade digital.
Um atraso e tanto, já que as MPEs respondem por 30% do PIB, 90% do total de empreendimentos e metade dos postos de trabalho. O que parece crise para uns, vira espaço para outros. É assim para a Tata Consultancy Services, ou TCS, a maior do planeta e que integra outra potência corporativa, o Tata Group, maior multinacional da Índia.
Sozinha, a TCS tem quase 600 mil funcionários em 55 países. As receitas consolidadas do ano fiscal encerrado em março de 2022 somaram US$ 25,7 bilhões. É esse gigante que enxerga o Brasil para avanços acelerados. “É um mercado grande, e com muito potencial de crescimento”, disse à DINHEIRO Tushar Parikh, o CEO que comanda as operações por aqui.
Esse oceano azul de oportunidades é filho direto da transformação digital e da aceleração vivida na pandemia, mas que ainda não foi capaz de colocar o País no patamar ideal. Parikh diz que os executivos devem ter sempre em mente os três principais eixos de investimentos em TI hoje: infraestruturas em nuvem, dados e cibersegurança.
Segundo ele, no Brasil os segmentos econômicos que dão aula nesse campo são o varejo, as instituições financeiras, a manufatura e o mercado do momento — o de recursos de energia. “As demandas são parecidas entre eles, mas todos procuram soluções específicas para cada modelo de negócio.”
“Tecnologia tem de ser algo cultural, não é uma opção” Tushar Parikh CEO TCS Brasil.
A mentalidade de entender como integrar a tecnologia no negócio, Parikh diz, “tem que ser cultural e não é uma opção”. No Brasil, onde a empresa atua há duas décadas, são aproximadamente 5 mil funcionários.
A maioria trabalha no centro operacional em Londrina (PR), focada em Terceirização de Processos de Negócios (BPO) e em seu modelo de Cinco Forças Digitais: Big Data & Analytics, Inteligência Artificial, Mobilidade & Computação Pervasiva (termo que não existe em português, mas que pode ser traduzido por onipresente ou ubíquo), Nuvem e Robótica.
Para atender esse cardápio, Parikh sofre com algo que não é exclusividade brasileira, a falta de talentos, problema que atinge também a Europa, Estados Unidos e Índia. Para mudar esse cenário, ele acredita em apenas uma saída: a educação base. “A tecnologia deve ser um tema nas escolas desde cedo”, afirmou.
Incluir aulas de programação e robótica vai ajudar, segundo ele, a criar uma cultura em que as pessoas entendam tudo o que é possível fazer com as ferramentas que temos nas mãos hoje. A inclusão também tem um grande papel nisso. “Na TCS, temos programas para incluir mulheres e outros grupos para incentivar e educar.”
O que vem por aí?
De acordo com o executivo da TCS, metaverso, web 3.0 e blockchain são nomes que não criam agitação à toa. “São as tecnologias do futuro.” Os laboratórios da consultoria indiana seguem continuamente pesquisando os temas e desenvolvendo inovações. “Estamos implementando projetos globalmente e testando inclusive no Brasil”, disse. É a mesma tendência para o 5G e até o 6G. Na tecnologia, ele diz, os ciclos mudam a cada três anos. “Precisamos trazer sempre o mais novo para os clientes”.
O principal speech de vendas da empresa é mostrar que esse tipo de investimento se transforma em economia e crescimento. Cloud, por exemplo, não é transformação só em TI. Ajuda as empresas, principalmente as pequenas e médias, a terem infraestruturas escaláveis, com baixo custo.
“Elas conseguem pagar conforme usam e isso leva a que aumentem a capacidade de atuação”, disse. “Aqui na Tata estamos estudando o tema e criando casos de uso para cada indústria.”
O que torna possível ajudar de forma mais assertiva e personalizada cada cliente da empresa.
Parikh acredita que o importante em atuar como uma consultoria é agregar valor em parcerias de longo prazo. “Queremos crescer com os clientes.”