O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse neste sábado (23) que o vazamento de trechos do livro escrito na cadeia pelo ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ) é uma forma de o emedebista beneficiar a candidatura de Arthur Lira (Progressistas-AL) à presidência da Casa. Histórias contadas por Cunha na obra foram publicadas na sexta-feira (22) pela revista Veja e atribuem a Maia um papel determinante para o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016.
Maia afirmou que as revelações de Cunha são mentirosas e o acusou de querer prejudicar a aliança com partidos de esquerda que declararam voto em Baleia Rossi (MDB-SP) para presidir a Câmara. “É estranho que um livro seja antecipado faltando uma semana para o processo eleitoral e que os atores envolvidos sejam aqueles que compõem o campo político oposto à candidatura patrocinada pelo Cunha”, disse Maia a VEJA. “É um livro cheio de mentiras e que deveria se chamar ‘A Sutil Arte de Ajudar o Lira’. Está provado que a coordenação política do campo do Lira conta com a participação central do Eduardo Cunha.”
Segundo Maia, a cassação do mandato e a prisão em 2016 pela Operação Lava-Jato não diminuíram a influência que o ex-presidente da Câmara exerce sobre o núcleo político de Lira. “Parentes do Cunha estão indo semanalmente para Brasília e deputados também têm viajado ao Rio de Janeiro [onde Cunha cumpre prisão domiciliar]. Ele sempre foi o grande coordenador desse grupo e continua atuando. Dessa vez, nós vimos de forma concreta a interferência do Cunha nos processos internos da Câmara. Seu livro é uma peça de ficção, mas mostra como ele sai da sombra para beneficiar o Lira”, disse.