Seria uma pasta só sob o selo social, que abracaria Desenvolvimento Social e Direitos Humanos. E, em seu comando, um dos aliados de primeira hora do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), o senador Magno Malta (PR), que não conquistou a reeleição no Espírito Santo.
Nos bastidores, fala-se não só no nome do senador que é também pastor evangélico e cantor gospel, mas também num rebatismo da área: poderia se chamar Ministério da Família.
O próprio Magno Malta teria usado o termo, segundo duas pessoas com quem ele esteve e com quem a reportagem conversou (e que pediram para não ser identificadas). Sua assessoria nega.
O pastor Silas Malafaia recebeu Bolsonaro para um culto na terça (30), em sua Assembleia de Deus Vitória em Cristo, e retribuiu a visita, indo à sua casa no dia seguinte. Conta à reportagem que não ouviu do capitão reformado a intenção de criar uma pasta com família no nome, mas escutou, sim, que Malta é uma peça garantida em seu governo.
“A única coisa que ele falou”, diz o líder religioso, é que o senador é “um cara vital e guerreiro e que está sem mandato” a partir de 2019. Logo, teria espaço cativo em seu ministério.
Bolsonaro chegou a dizer, durante a Marcha para Jesus, em junho, que enviou uma “cartinha de amor” para convencer Malta a ser seu vice, o que ele não topou.
“Não vai ser ministro porque é meu amigo, não”, reproduz Malafaia o que diz ter ouvido de Bolsonaro. Malta iria para a área social pois teria atuação forte no campo. Entre suas maiores bandeiras estão o combate à pedofilia e à legalização de drogas e aborto.
Já disse em 2015, enquanto presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Família Brasileira, que a “agenda progressista” resvala na vulgarização das músicas no carnaval, que por sua vez empurrariam crianças a sexo e drogas.
“Em tempos de relativismo moral exacerbado, constará como pauta na agenda ‘progressista’ a relativização da pedofilia também, como ocorreu recentemente no movimento pró-legalização da maconha. Não digam que enlouqueci ou sou paranoico”, afirmou à época.
A proposta de fundar o Ministério da Família foi ventilada primeiro por José Maria Eymael (PSDC), então em campanha pela Presidência. Ele terminou com 0,04% dos votos.