A CEO da Petrobras, Magda Chambriard, promoveu nesta última quarta-feira (31) segundo a coluna de Malu Gaspar, do O Globo, novas trocas nas gerências-executivas da companhia. Uma reunião da cúpula da empresa confirmou a destituição de nove executivos, antecipadas pela equipe do blog no último dia 3, e a saída de outros dois gerentes. O movimento é visto internamente como um esforço para acomodar indicações políticas, em especial do PT do presidente Lula e da Federação Única dos Petroleiros (FUP).
A Diretoria Executiva da petroleira deliberou pela saída de Suen Marcet, gerente-executivo de Sistemas Submarinos, e Leonardo Maués, da gerência-executiva de Gestão Integrada de Recursos e Projetos, remanescentes da gestão de Jean Paul Prates, demitido por Lula em maio passado. Os substitutos ainda não foram anunciados.
Os cargos de gerente-executivo são estratégicos para a companhia. Além de salários em torno dos R$ 80 mil e de concentrar poderes e orçamentos à frente de vice-presidentes de empresas privadas, alguns deles têm assento no comitê estatutário de investimentos ao lado dos diretores da Petrobras.
A reunião também oficializou conforme a colunista do O Globo, a troca em massa de gerentes-executivos desenhada desde o início do mês. Entre as mudanças mais relevantes estão a saída de Marcio Kahn, responsável pelo campo de Búzios, e Ana Zettel, gerente de gestão de parcerias e processos de Exploração e Produção, área que cuida da administração das parcerias da Petrobras com outras empresas, da gerência do portfólio da companhia e da avaliação do desempenho dos campos.
Kahn será substituído por Wagner Victer, ex-secretário de energia do Rio de Janeiro nos governos Anthony Garotinho e Rosinha. Servidor da Petrobras, mas afastado da companhia há pelo menos 24 anos para assumir cargos políticos, ele administrará o maior campo de petróleo em águas profundas do mundo, com capacidade de produzir 560 mil barris de petróleo por dia, o equivalente a 17% da produção nacional.
Aliado de Magda
Mais recentemente, Victer foi diretor da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), entre 2019 e 2023, na gestão do petista André Ceciliano. À frente do cargo, foi responsável por indicar Magda Chambriard para um cargo de assessoria na Alerj. Agora, Magda conta com o aliado para quadruplicar a produção de Búzios para 2 milhões de barris diários até 2028 e diminuir a reinjeção de gás no campo.
Já Ana Zettel dará lugar a Eduardo Costa Pinto, professor da UFRJ e pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), entidade acadêmica ligada à FUP. O cargo é considerado como o “maestro da orquestra” por tomar decisões sobre projetos bilionários e supervisionar os campos. Por esse motivo, Costa Pinto também integrará o comitê de decisões de investimento da Petrobras.
Outra troca relevante, em um cargo que também tem espaço no colegiado de investimentos junto com a diretoria, ocorreu na gerência-executiva de Sistemas de Superfície, Refino, Gás e Energia – responsável pelas licitações para a contratação de projetos de todas as construções de plataformas, obras de refinarias e terminais de gás, algo em torno de US$ 14 bilhões por ano.
O novo gerente-executivo, Flávio Fernando Casa Nova da Motta, substitui Cesar Cunha de Souza. Casa Nova foi gerente-geral de engenharia do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e ex-gerente de empreendimentos da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco – ambos empreendimentos interrompidos em 2015 após as investigações da Lava-Jato apontarem pagamento de propina nos contratos.
Também integram a lista de demissionários os gerentes-executivos de Energia Renovável, Daniel Pedroso, e de Gestão Integrada de Transição Energética, Cristiano Levone. Eles serão substituídos, respectivamente, por Rodrigo Leão, que foi assessor de Jean Paul Prates e presidente da Petrobras Bioenergia, e para o lugar de Levone vai William Nozacki, assessor de Aloizio Mercadante no BNDES.
Como publicamos no blog em junho, as duas indicações foram avalizadas pela FUP. O presidente da federação, Deyvid Bacelar, chegou a pedir publicamente a saída de Pedroso pela sua participação na negociação da venda da refinaria Landulpho Alves, na Bahia, para um fundo soberano dos Emirados Árabes – tratativa que a Petrobras tenta reverter.
Na área de exploração e produção, também foram destituídos o gerente-executivo de Libra, João Jeunon, Francisco Queiroz (Terra e Águas Rasas) e Ricardo Morais (Águas Ultraprofundas).
Na Diretoria Financeira, foi desligada Marina Quinderé, gerente-executiva de Suprimentos e responsável pelas contratações da estatal. Já na Diretoria de Tecnologia e Engenheria, quem está de saída é Mariana Cavassin, gerente-executiva de Implantação de Projetos de Produção.