Em entrevista ao The Economist, publicada nessa quinta-feira (2) o presidente francês Emmanuel Macron aventou, mais uma vez, a possibilidade de enviar tropas terrestres no caso de um avanço russo:
“Se os russos ultrapassassem as linhas da frente, se houvesse um pedido ucraniano – o que não é o caso hoje – deveríamos legitimamente colocar-nos a questão”, disse o presidente francês ao jornal britânico. “Descartar isso a priori é não aprender as lições dos últimos dois anos”, quando os países da Otan inicialmente descartaram o envio de tanques e aviões para a Ucrânia antes de finalmente mudarem de ideias, acrescentou.
O chefe de Estado francês criou polêmica no final de fevereiro ao afirmar que o envio de tropas ocidentais para solo ucraniano não deveria “ser excluído” no futuro. Explicou que queria restaurar a “ambiguidade estratégica” na resposta europeia à invasão russa da Ucrânia. A maioria dos países europeus, bem como os Estados Unidos, no entanto, distanciaram-se claramente das suas observações, mesmo que alguns tenham desde então dado um passo na sua direção.
“Como disse, não excluo nada, porque temos diante de nós alguém que não exclui nada”, reafirmou no The Economist em referência ao presidente russo, Vladimir Putin. “Estivemos sem dúvida demasiado hesitantes em formular os limites da nossa ação a alguém que já não os tem e que é o agressor”, continuou.
“Tenho um objetivo estratégico claro: a Rússia não pode vencer na Ucrânia. Se a Rússia vencer na Ucrânia, não teremos mais segurança na Europa. Quem pode dizer que a Rússia irá parar por aí? Que segurança para outros países vizinhos, Moldávia, Romênia, Polônia, Lituânia e muitos outros? E além disso, que credibilidade para os europeus que teriam gasto bilhões, que teriam dito que era a sobrevivência do continente que estava em jogo, mas não se teriam dotado dos meios para deter a Rússia? Então sim, não devemos excluir nada”, insistiu.