Em viagem para participar da cerimônia de reabertura da icônica catedral que pegou fogo em 2019, presidente eleito dos EUA conversou com Macron e Zelenski sobre a guerra na Ucrânia. Em visita a Paris para participar da cerimônia de reabertura da Catedral de Notre-Dame, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, foi recebido com pompa e tapete vermelho pelo presidente francês Emmanuel Macron.
Momentos antes do evento, os dois tiveram uma reunião a sós e também estiveram com o presidente ucraniano Volodimir Zelenski, para conversar sobre a guerra na Ucrânia.
A viagem de Trump a Paris é a primeira ao exterior feita pelo republicano desde a vitória nas eleições americanas, e ocorre num momento em que o governo de Macron atravessa uma grave crise de governabilidade após a queda do primeiro-ministro Michel Barnier, que não chegou a ficar mais de três meses no cargo.
A visita ocorre também num momento em que Macron e outros líderes europeus tentam persuadi-lo a manter o apoio dos EUA à Ucrânia, que já há quase três anos resiste à invasão russa. Washington é o maior aliado militar de Kiev, e o fim dessa aliança seria fatal para os ucranianos.
Trump, que só será empossado presidente em 20 de janeiro, posou para fotos com Macron e trocou cumprimentos efusivos, elogiando a relação de seu primeiro governo com a França. “Tivemos um bom tempo juntos, e fomos bem-sucedidos, realmente bem-sucedidos”, disse.
“Parece que o mundo está ficando meio maluco, e é sobre isso que nós vamos conversar”, disse Trump a repórteres momentos antes de se encaminhar para a reunião com Macron.
Trump passou cerca de uma hora e meia no Palácio Eliseu na companhia de Macron, sendo que Zelenski juntou-se ao encontro nos últimos 35 minutos.
Além da guerra na Ucrânia, Trump e Macron também teriam tratado dos conflitos no Oriente Médio e da taxação de produtos da União Europeia.
Segundo o gabinete de Macron, a reunião foi proposta pelo presidente francês e organizada momentos antes da chegada de Trump.
Além de Macron, Trump também deve se encontrar com o príncipe William, herdeiro do trono britânico.
Apreensão sobre planos de Trump para a Ucrânia
Durante a campanha, Trump prometeu dar um fim rápido à guerra na Ucrânia, mas sem especificar como exatamente faria isso. A promessa deixou aliados de Kiev apreensivos sobre qual seria o preço da paz.
Macron teve uma relação com Trump marcada por altos e baixos, mas desde a vitória do republicano passou a se esforçar para cultivá-la – muito embora o gabinete do francês tenha minimizado a importância do convite, afirmando que ele também foi estendido a outros políticos que não estão atualmente no cargo.
O atual presidente americano, Joe Biden, foi convidado mas não compareceu à cerimônia em Notre-Dame, sendo representado pela primeira-dama, Jill Biden.
Durante o primeiro governo de Trump, as relações entre a França e os EUA tiveram um começo amistoso, mas foram se tornando cada vez mais tensas ao longo do tempo. Macron foi o convidado de honra no primeiro jantar de Estado de Trump, e o então presidente americano visitou a França várias vezes. O relacionamento se deteriorou quando Macron criticou Trump por questionar a necessidade da aliança militar Otan e pôr em dúvida o compromisso dos EUA com o pacto de defesa mútua.
Durante a campanha presidencial de 2024, Trump frequentemente zombou de Macron, imitando seu sotaque e ameaçando taxar pesadamente vinhos e champanhes franceses caso a França tentasse taxar empresas americanas. Ainda assim, Macron foi um dos primeiros líderes globais a parabenizar Trump no mês passado após sua vitória eleitoral.
Catedral reconstruída pegou fogo em 2019
Ao aceitar o convite para viajar a Paris, Trump elogiou Macron por ter feito “um trabalho maravilhoso, garantindo que Notre-Dame fosse restaurada ao seu nível completo de glória, e até mais”.
A catedral de 861 anos, um dos maiores tesouros arquitetônicos do mundo, foi quase destruída por um incêndio em 2019, época em que Trump era presidente.
A reconstrução teve um custo estimado em cerca de 700 milhões de euros (R$ 4,4 bilhões), financiados por meio de doações.
A cerimônia de reabertura da Notre-Dame teve início às 18h15 (14h15 de Brasília) e foi prestigiada por cerca de 1,5 mil convidados. No final da noite, 50 chefes de Estado e de governo serão recebidos por Macron para um jantar no Palácio Eliseu.
No domingo, às 18h30, a catedral fará sua primeira missa aberta ao público.