A imprensa francesa analisa a entrevista concedida pelo presidente francês, Emmanuel Macron, na noite desta última quarta-feira (26) ao canal 2 da TV pública, e chega a uma conclusão unânime: tudo o que ele disse foi para seduzir os parlamentares do partido de oposição Os Republicanos. Segundo a rádio RTL, Macron fez “a dança do ventre” para seduzir deputados e senadores de direita a votarem suas reformas.
Neste segundo mandato, Macron tem maioria relativa no Parlamento e depende do apoio de outra sigla para votar os projetos de lei do Executivo. A escolha que ele fez não deixa dúvida. Durante a entrevista, Macron se propôs a adotar várias medidas do programa da direita.”Quem continuará mandando é ele”, acrescenta o comentário da rádio France Info. O líder francês também se posicionou como “chefe do partido da ordem”, fazendo duras acusações à esquerda, que tem obstruído as votações na Assembleia.
Todas as manchetes vão no mesmo sentido. Lê-se no jornal Le Monde que Macron “seguirá os passos da direita”. O católico La Croix diz que o presidente “estendeu a mão” aos conservadores, enquanto o Le Parisien afirma que o presidente faz um apelo para que a direita se una ao partido governista no Parlamento. Entre as reformas que Macron citou durante a entrevista, há várias propostas dos conservadores republicanos: horas extras isentas de impostos, uma ideia do ex-presidente Nicolas Sarkozy, medidas de combate à imigração ilegal e aumento da idade mínima da aposentadoria para 65 anos.
Transparência econômica
O jornal Le Figaro recorda que a proposta de aliança do líder liberal com a direita tem elementos de uma coalizão de governo adotada em 1848, quando monarquistas se aliaram a liberais republicanos contra a esquerda socialista. Em seu editorial, a rádio France Inter elogia a sinceridade do presidente de ter explicado aos franceses que o contexto econômico continuará difícil, sem que ninguém saiba até quando. “Estamos no meio de uma tempestade, mas pelo menos estamos juntos”, disse Macron, ao anunciar novos subsídios do Estado para proteger os menores salários e pequenas empresas da explosão dos preços da energia e dos combustíveis.