O presidente Lula da Silva (PT) voltou a considerar a possibilidade de apontar a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, para a Secretaria de Relações Institucionais (SRI) no lugar de Alexandre Padilha, que deve ser deslocado para o Ministério da Saúde, disseram à Reuters duas fontes que acompanham as conversas.
De acordo com as fontes, Lula havido deixado a ideia de lado de nomear a deputada federal para liderar a articulação política do governo no Congresso ao ouvir de aliados que a presidente do PT teria dificuldades na função e não seria um nome adequado para o cargo, já que não tem uma boa relação com o centrão.
Gleisi então seria nomeada ministra da Secretaria-Geral da Presidência no lugar de Márcio Macêdo na esperada reforma ministerial de Lula. O presidente, no entanto, teria voltado a considerar a ideia de colocar Gleisi na SRI, disseram as fontes nesta segunda-feira.
Segundo uma das fontes, a justificativa de Lula é que Gleisi tem condições de mostrar que tem capacidade de negociação e que não é uma “radical”, como costuma ser acusada por adversários.
A Reuters procurou a assessoria de Gleisi e o Palácio do Planalto, mas não teve resposta de imediato.
Um dos nomes mais próximos do presidente hoje, Gleisi ficou de fora do ministério nos dois primeiros anos de governo a pedido de Lula, que a queria na presidência do PT. O mandato dela à frente do partido, no entanto, termina em julho, e ela anteciparia a saída para ir para o ministério.
Em princípio, Lula havia acertado que Gleisi iria para a Secretaria-Geral. O cargo, apesar de também ser no Planalto, tem menor importância estratégica do que a SRI, já que é responsável apenas pela articulação com movimentos sociais e outras forças da sociedade, e não negocia diretamente com o Congresso.
De acordo com as fontes, a decisão do presidente de onde colocar Gleisi ainda não estaria tomada, mas há indicações fortes de que a SRI pode ser sua escolha, apesar de desagradar aliados e membros do próprio governo. Não é segredo, por exemplo, a dificuldade de relacionamento entre Gleisi e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Nos últimos dias, Lula tomou a decisão de trocar o comando do Ministério da Saúde. A saída de Nísia Trindade — que pode ser anunciada já nesta semana, de acordo com uma das fontes — precipitou a decisão de mudanças na SRI, já que o presidente optou por deslocar Padilha, o atual titular da pasta, para a Saúde.
Médico de formação, Padilha foi ministro da Saúde no primeiro mandato de Dilma Rousseff e responsável por organizar o programa Mais Médicos, uma das vitrines do PT.
Diversos nomes vêm sendo cogitados para o lugar de Padilha na SRI, com parte dos aliados do governo defendendo um ministro do centrão para facilitar a relação com o Congresso. Um dos mais comentados é o atual ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), que tem uma ótima relação com o presidente.
Outros nomes que chegaram a ser citados foram do deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL) e do senador Jaques Wagner (PT-BA), mas com as ressalvas de que o primeiro não tem uma relação próxima com o presidente e o segundo prefere continuar no Senado.