Com o quadro de candidaturas nos estados quase definido, os dois presidenciáveis que lideram as pesquisas enfrentam dificuldades conforme matéria de Gustavo Schmitt e Sérgio Roxo, do O Globo, com palanques nas regiões onde possuem seus menores índices de popularidade. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não tem aliados que, até o momento, se mostram competitivos no Sul e no Centro-Oeste. Já o presidente Jair Bolsonaro (PL) não conseguiu palanques robustos no Nordeste.
Ciro Gomes (PDT), por sua vez, só tem três candidatos competitivos (Ceará, Rio e Maranhão). Já Simone Tebet (MDB) quase não tem palanques exclusivos.
À frente nas pesquisas, Lula conseguiu apoios sólidos no Nordeste, onde impõe a sua maior vantagem sobre Bolsonaro (35 pontos), de acordo com pesquisa do Datafolha divulgada na semana passada. Na região,o petista tem como palanque principal três candidatos à reeleição: Paulo Dantas (MDB) em Alagoas, Fátima Bezerra (PT) no Rio Grande do Norte e Carlos Brandão (PSB) no Maranhão
Outros três candidatos de Lula representam a continuidade de projetos que estão no poder. São eles: Jerônimo Rodrigues (PT) na Bahia, Danilo Cabral (PSB) em Pernambuco e Rafael Fonteles (PT) no Piauí. Em Pernambuco, além de Cabral, Lula também tem o apoio de Marília Arraes (Solidariedade), líder nas pesquisas. Na Paraíba, o atual governador João Azevêdo (PSB) apoia o petista, apesar de o candidato do PT ser Veneziano Vital do Rêgo (MDB). O único candidato de Bolsonaro competitivo na região é Capitão Wagner (União Brasil), mas ele tem se desvinculado do presidente.
No Centro-Oeste, a situação de Lula é completamente diferente da do Nordeste. Em três estados da região (Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), o candidato de Lula ainda não foi definido. Os partidos têm até sexta-feira para aprovarem os indicados em convenções. Na região, Lula busca palanques além da esquerda, como Marconi Perillo (PSDB) em Goiás. No recorte do Datafolha que junta Norte e Centro-Oeste, Bolsonaro tem desempenho melhor do que a média nacional (cinco ponto de desvantagem para Lula contra 18 em todas as regiões).
No Sudeste, que concentra 43% do eleitorado do país e onde Lula tem 15 pontos de vantagem sobre Bolsonaro segundo o Datafolha, os dois presidenciáveis têm nomes competitivos. Mas o presidente tem problemas em Minas, segundo maior colégio eleitoral do país, que apresenta uma disputa polarizada entre o atual governador Romeu Zema (Novo) e o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD), aliado de Lula. O plano inicial era que o nome de Bolsonaro fosse Carlos Viana (PL), mas o presidente passou a se aproximar de Zema e a candidatura foi colocada em dúvida.
Os candidatos de Bolsonaro despontam com favoritismo no Centro-Oeste e no Sul. No Paraná, o governador Ratinho Júnior (PSD), que concorre à reeleição, lidera as pesquisas. O PT lançou o ex-governador Roberto Requião, que ainda busca apoios fora da federação que conta também com o PV e o PCdoB. Em Santa Catarina, o candidato do presidente é o senador Jorginho Melo (PL). No entanto, o governador Carlos Moisés (Republicanos) e o ex-prefeito de Florianópolis Gean Loureiro também procuram se vincular a Bolsonaro. Lá, o candidato petista é o professor e advogado Décio Lima, que em 2018 ficou em quarto lugar, com 12,78% dos votos.
Palanque duplo no Sul
No Rio Grande do Sul, o nome do bolsonarismo é o ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL). O senador Luiz Carlos Heinze (PP) também disputa o eleitorado à direita, o que garante palanque duplo ao presidente. O candidato petista será o deputado estadual Edegar Pretto, que tem apoio apenas da esquerda. O ex-governador Eduardo Leite (PSDB) é o favorito na disputa. A vantagem de Lula sobre Bolsonaro no Sul é de sete pontos.
Bolsonaro também apostará em outros candidatos à reeleição. São eles: Ibaneis Rocha (MDB) no Distrito Federal e de Mauro Mendes (União) no Mato Grosso.
Vice-presidente do PL, o deputado capitão Augusto (SP) minimiza as dificuldades do presidente onde ele tem menos popularidade:
— Precisa acertar detalhes no Nordeste. Mas tem casos de palanque duplo e até triplo em estados do Sul.
No MDB, parte das lideranças vê pouca competitividade em Tebet. Mas ela minimiza a falta de palanques.
— Vai ter estado que dividirei palanque com dois ou três candidatos. Se não tiver palanque, vou para a rua conversar com as pessoas.
O PDT fez um esforço para ter candidatos próprios para garantir palanques para Ciro. Em São Paulo, o partido pode retirar Elvis Cézar e apoiar o governador Rodrigo Garcia (PSDB).
— Investimos em candidatos nos estados para ter capilaridade — diz Carlos Lupi, presidente do PDT.