O presidente Lula da Silva (PT) lançou a possibilidade de o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), virar ministro do governo durante uma conversa reservada entre os dois no Palácio da Alvorada, no início do mês. O encontro ocorreu em meio à crescente insatisfação de Pacheco com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
A hipótese de Pacheco eventualmente assumir um cargo na gestão Lula foi revelada pela “Folha de S.Paulo”, nesta quinta-feira (23), confirmada por Julia Lindner, Caetano Tonet, Raphael Di Cunto e Marcelo Ribeiro, do jornal Valor.
Segundo relatos, Lula brincou que era preciso “cuidar” de Pacheco após ele deixar a presidência do Senado, no início de 2025, e construir um “futuro político” para ele. O presidente da República, então, perguntou se virar ministro de Estado seria uma opção para o parlamentar. O mineiro, por sua vez, deu risada, mas não se comprometeu.
Aliados de Pacheco dizem que a relação com Lula vem se estreitando nos últimos meses. O presidente da República deu sinais de que quer apoiar o mineiro em uma eventual disputa ao governo do Estado. Embora Pacheco lance dúvidas publicamente sobre essa opção, pessoas próximas consideram que o caminho é inevitável.
Sobre a sondagem de Lula em relação ao comando de um ministério, a avaliação de aliados de Pacheco é que é preciso avaliar como estará o cenário político do País no ano que vem. Apesar disso, interlocutores do atual presidente do Senado não escondem que assumir uma pasta na Esplanada pode ajudar a dar uma vitrine ao potencial candidato a governador.
Na última segunda-feira (20), em São Paulo, Pacheco respondeu a jornalistas sobre a possibilidade de se “aposentar” da política quando encerrar o mandato de senador, em 2026. Um comentário feito pelo mineiro em um jantar promovido pelo ex-governador João Doria, há cerca de duas semanas, foi interpretado dessa forma.
“Falei que me sentia realizado e não teria problema em encerrar em 2026 o mandato com o sentimento de dever cumprido, sem apego a novos cargos, foi isso. Mas o futuro a deus presente”, declarou na segunda-feira.
Em seguida, Pacheco disse que qualquer político de Minas Gerais que disser que não tem intenção de se tornar governador está mentindo. “É evidente que quem está na política, vindo de Minas Gerais, que é um Estado de muitas tradições, sonha em dirigir um Estado. Mas essa é uma definição que o povo tem que ter e as lideranças partidárias também.”
A possibilidade de entrada na Esplanada dos Ministérios também chegou a ser sugerida por Lula a Arthur Lira (PP-AL) após o deputado deixar o comando da Câmara, mas não avançou. Do lado do governo, há desconfiança diante dos inúmeros atritos com o deputado. Do lado de Lira, o desconforto por “passar a ter um chefe” e o risco de perder apoio entre o eleitor mais bolsonarista que o ajudou a ser um dos deputados mais votados do país em 2022, segundo aliados.