O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu na noite desta última quinta-feira (9) com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). O encontro ocorreu conforme Marianna Holanda, Victoria Azevedo e Thaísa Oliveira, da Folha, três dias após o deputado afirmar que o petista não tem votos no Congresso para aprovar reformas econômicas.
O jantar foi marcado de último minuto, e ocorreu fora da agenda das autoridades na casa do ministro Paulo Pimenta (Secom), no lago Norte, reunião nobre de Brasília.
Além do próprio Pimenta, também participaram os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais). O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), também compareceu.
O evento começou por volta das 20h. Pouco antes das 23h Lula, Guimarães e Padilha deixaram o local separadamente.
Na última segunda-feira (6), Lira disse a empresários em São Paulo que Lula precisa de tempo para se estabilizar internamente, organizar uma base parlamentar e encontrar um rumo para tocar suas pautas na área econômica no Congresso. Ele participou de encontro com o conselho político e social da Associação Comercial de São Paulo.
O presidente da Câmara disse ainda que o petista foi eleito democraticamente, mas com uma margem mínima de votos, e que o governo não tem apoio no Legislativo nem para aprovar leis por maioria simples, muito menos para avançar em matérias constitucionais, como é o caso da reforma tributária.
“Temos um governo que foi eleito com margem de votos mínima e que precisa entender que temos Banco Central independente, agências reguladoras, Lei das Estatais e um Congresso com atribuições mais amplas”, afirmou Lira, indicando que Lula terá dificuldade para rever qualquer um desses temas.
Até o momento o petista tem apoio de 223 parlamentares que integram partidos aliados, menos da metade do total de deputados da Casa. São da oposição 102 deputados e 188 se declaram independentes, entre eles parlamentares da União Brasil—que indicou três nomes para o ministério de Lula.
Com isso, membros do governo evitam projetar sobre o tamanho da base de apoio que terá no Congresso Nacional e trabalham para atrair legendas e parlamentares.
Como a Folha mostrou, a montagem da base envolve a negociação com grupo de parlamentares de partidos que não são formalmente aliados, principalmente do centrão. Segundo relatos, há uma potencial bancada paralela pró-petista em torno de 70 deputados e 10 senadores.
Mais cedo nesta quinta, o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede), afirmou a jornalistas que concorda com a declaração de Lira de que o Executivo federal ainda não tem uma base consolidada.
“No Senado, houve um teste de base. Nós consolidamos nossa base de 49, eu acho que nós podemos chegar até a 55 senadores. Na Câmara não. Houve um grande acordo em torno do presidente Lira [na eleição em fevereiro]. Então agora nós temos que dar o passo adiante, consolidar base na Câmara”, disse.