Líder em intenções de voto, Lula (PT) tem minimizado em conversas com aliados segundo o jornalista Daniel Pereira, da Veja, sobre o crescimento de Jair Bolsonaro (PL) nas pesquisas. Segundo o ex-presidente, o rival recuperou terreno graças à saída de Sergio Moro (União Brasil) do páreo, que devolveu a Bolsonaro uma fatia do eleitorado que, mais cedo ou mais tarde, no primeiro ou no segundo turno, já migraria para o presidente. Entre os petistas, o ex-juiz e o ex-capitão são tratados como uma coisa só ou partes de um mesmo projeto, já que Moro teria ajudado a eleger Bolsonaro e, mais tarde, assumiu como ministro da Justiça de seu governo.
Pressionado por colegas de partido e amigos a colocar de vez a campanha nas ruas, Lula tem argumentado que ainda tem boa vantagem na liderança. Segundo pesquisa Datafolha divulgada em 24 de março, o petista registra 43% nas simulações de primeiro turno, contra 26% de Bolsonaro. Já no levantamento XP/Ipespe divulgado em 22 de abril, os dois aparecem com, respectivamente, 45% e 31%. Há sondagens, no entanto, que mostram uma diferença bem menor — no caso do PoderData divulgado nesta sexta-feira 29, de apenas cinco pontos percentuais.
Lula alega que sua situação se mantém estável. Bolsonaro até recupera pontos, mas ele não perde apoio. Até por isso, o ex-presidente não pretende mudar sua estratégia eleitoral. A prioridade de Lula é insistir no debate econômico. Falar de inflação, renda e emprego, indicadores que, segundo ele, minarão as pretensões eleitorais do adversário. Nos últimos doze meses, a inflação superou a casa dos 12%. O desemprego se manteve estável no primeiro trimestre de 2022, em 11,1%, enquanto a renda média do trabalhador subiu um pouco, 1,5%, na comparação com o último trimestre do ano passado.
O ex-presidente, obviamente, tratará dos temas como achar mais conveniente para ele. Ressaltará, por exemplo, que hoje são mais de 11 milhões de desempregados e que a renda média do trabalhador caiu 8,7% em um ano. Tentará reavivar também na memória do eleitorado os feitos de seu último ano de mandato, quando a economia cresceu 7,5%. Sobre a recessão legada por Dilma Rousseff, o plano é evitar o assunto, diz a revista.
Para se manter numa zona de conforto, Lula não pretende tratar de pauta de costumes nem entrar em polêmicas fabricadas pelo adversário, como o debate sobre o indulto ao deputado Daniel Silveira. Sua prioridade é prometer, de forma resumida, mais comida na mesa do brasileiro.