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quinta-feira 13 de janeiro de 2022 às 07:57h

Lula se irrita com PSB e impulsiona candidatura de Humberto Costa em Pernambuco

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Diante dos impasses para formação de chapas nos Estados com o PSB, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pré-candidato à Presidência da República, resolveu dobrar a aposta. A estratégia petista, já em curso, é reforçar a pré-candidatura do senador Humberto Costa (PT) ao governo de Pernambuco com respaldo nacional do partido.

O objetivo é pressionar o PSB num dos Estados mais relevantes, historicamente, para a legenda e ter uma moeda de troca importante na mesa de negociação sobre arranjo eleitoral em São Paulo envolvendo o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) e o ex-governador Márcio França (PSB). Os dois são pré-candidatos ao governo paulista. Até o momento, PT e PSB não abrem mão de figurar na cabeça de chapa após uma provável aliança.

Estimulado por Lula, Humberto Costa subiu o tom nos últimos dias em relação à disputa estadual. Na sexta-feira, comunicou ao governador Paulo Câmara (PSB), de quem é bastante próximo, que a sua pré-candidatura está firme. A postulação, apesar da aprovação no diretório estadual do PT por ampla maioria, era considerada remota até pelos petistas.

“Agora, estamos colocando que é mesmo para valer”, disse Costa. “Iniciamos um trabalho para convencer os partidos que formam a Frente Popular [bloco de sustentação do governo Paulo Câmara] e também o governador”, completou o senador. O PT aposta nas pesquisas eleitorais para reforçar o argumento da candidatura de Costa.

Lula comunicou a correligionários que espera amarrar as alianças nacionais e definir a chapa presidencial até fevereiro. O desejo é ter o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin ocupando a vice.

Petistas próximos ao ex-presidente apontam que Lula está insatisfeito com a sinalização do PSB para o PDT no fim do ano passado. Dirigentes das duas siglas devem se reunir na próxima semana.

No PT, o sentimento é de que as negociações com Alckmin independem do partido que será escolhido pelo ex-tucano para filiação. “A conversa é direta com Alckmin”, diz um deputado petista bastante ligado ao ex-presidente Lula. O ex-governador tem convites do PSB, PV e Solidariedade para se filiar.

Parlamentares ligados a Lula apontam que o ex-presidente conta com a interlocução cada vez maior do governador Paulo Câmara, que ocupa a vice-presidência nacional do PSB, para driblar possíveis obstáculos impostos pelo presidente nacional da sigla, Carlos Siqueira.

Um dos exemplos lembrados é o acordo firmado a partir de Pernambuco em 2018. Naquele ano, o PT, após estimular a candidatura da deputada Marília Arraes (PT) ao governo, retirou o nome dela da disputa estadual para apoiar a reeleição de Câmara em troca da neutralidade nacional do PSB na corrida presidencial.

O PSB em Pernambuco, com peso histórico nas decisões nacionais do partido, depois de apoiar Aécio Neves (PSDB) no segundo turno da disputa presidencial de 2014 e também o impeachment da então presidente Dilma Rousseff em 2016, acabou caminhando ao lado de Fernando Haddad em 2018. O movimento costurado com Câmara isolou Ciro Gomes, que terminou a disputa presidencial em terceiro lugar.

Depois de reunião tensa com Lula no fim do ano passado, Siqueira reclamou publicamente da condução dos petistas nas conversas sobre composições eleitorais. “Há muitos meses colocamos para o PT as demandas do PSB e até agora não tivemos resposta sobre nenhuma delas”, queixou-se. O PSB cobra, para firmar aliança com o PT, apoio do partido em seis Estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Acre e Maranhão.

A justificativa oficial do PT para colocar em prática a ofensiva eleitoral em Pernambuco é a demora para definição por parte do PSB do sucessor de Paulo Câmara. O candidato natural seria o ex-prefeito do Recife Geraldo Júlio (PSB), mas ele já comunicou reiteradamente que não disputará o cargo.

A proximidade de Lula com Paulo Câmara suscitou rumores no próprio PSB de que o governador estaria trabalhando para que Humberto Costa fosse o candidato e, assim, ele pudesse concorrer ao Senado numa dobradinha com o PT. “Seria uma chapa imbatível. Paulo Câmara vai deixar o governo com uma excelente avaliação”, diz Costa.

A despeito das especulações, Câmara já anunciou que cumprirá integralmente o mandato até o fim deste ano e que trabalha para que o candidato ao governo seja do PSB. O prefeito do Recife, João Campos (PSB), também reforçou que o partido terá candidatura própria em Pernambuco.

Questionado se disputaria contra um candidato do PSB, em caso de uma provável federação com o PT não vingar, Costa disse que é “um soldado do partido”. Ele alegou que a última palavra cabe ao diretório nacional do PT.

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