A reunião de Lula divulgada pelo Palácio do Planalto, na última segunda-feira (3) pode (ou pretende) ser uma espécie de virada no governo Lula.
A tal “reunião” de ontem foi o primeiro dos encontros semanais que ocorrerão às segundas-feiras para azeitar a articulação política do governo, sob o comando de Lula e com a participação do ministro Alexandre Padilha e os líderes do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues; no Senado, Jaques Wagner; e na Câmara, José Guimarães.
No Lula 1 e Lula 2, essas reuniões eram rotina.
No Lula 3, só agora, um ano e meio após a posse e muitas derrotas no Congresso depois, o presidente resolveu reinstituir o costume.
A pergunta do Estadão é: vai dar certo?
Essa resposta ninguém possui neste momento, mas é um avanço que Lula estabeleça, ainda que com um ano e meio de atraso, uma coordenação de governo na articulação política.
O desafio é saber o quanto isso vai repercutir no Congresso, que tem uma agenda própria em dezenas de pautas e que é obviamente um Congresso de maioria de centro-direita e de direita.
E também como Lula vai lidar com esse perfil do Congresso. Nas pautas de costumes, por exemplo, um líder do governo admitia na semana passada, na noite em que o governo era mais uma vez derrotado, sua impotência: “Nessas pautas, não me meto”.
Outra questão é saber como entra o ministro Padilha neste jogo, uma vez que ele está de certa forma inviabilizado nas funções para as quais foi designado, o de articulador político, desde que Arthur Lira declarou que não negocia nada com ele.
Entre alguns ministros de Lula, o temor é que, se essa reação não der resultado, 2025 será um ano de crise política. Explica um deles, que pede para não ser identificado:
— Neste ano ainda não porque o período pré-eleitoral vai abafar a agenda do Congresso, mas a partir de novembro, a coisa muda. E, no ano que vem, o jogo de 2026 estará se armando de forma mais visível.