O presidente Lula (PT), em seu primeiro mandato, reteve para si relógios de luxo e um colar de ouro branco que ganhou de presente. As joias foram incorporadas ao acervo pessoal do petista quando ele deixou o cargo
Em nota, a Presidência da República se manifestou argumentando ausência de irregularidades e alegou que Lula não teria vendido nenhuma das peças recebidas como presentes.
De acordo com registros do acervo privado do petista e de declarações públicas, continua em posse de Lula dois relógios de luxo, inclusive um Piaget avaliado em R$ 80 mil e que não consta, sequer, na lista de presentes oficiais.
A versão que Lula apresentou a fim de justificar a ilegalidade é que o relógio suíço sumiu por um tempo e que muitos anos depois foi encontrado em uma gaveta. A referida joia já foi vista com o petista, em fotos, no ano passado.
O outro relógio em questão é um Cartier Santos Dumont, em ouro branco 18 quilates e prata 750, com uma coroa trabalhada em pedra safira azul. A modelo é um dos mais clássicos da grife francesa.
De acordo com levantamento feito pelo Estadão, foi encontrado um relógio do mesmo modelo sendo comercializado no site Jewellery Discovery por 9.650 libras esterlinas, cerca de R$ 60 mil.
O Instituto Lula, responsável por tutelar o patrimônio do petista, informou que o Cartier também se encontra em uso pelo presidente.
Ambos os relógios foram cortesias do governo francês, em 2005.
Também ficou com o petista um colar de ouro branco, ofertado pela Citic Group Corporation, uma empresa de investimento estatal da China.
Em 2016, quando o Tribunal de Contas da União (TCU) se debruçou sobre o caso, considerou que Lula poderia ficar com as joias, já que estas eram consideradas presentes de caráter personalíssimo. Tal regra passou a servir de base para os mandatários seguintes.
A Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República declarou que os itens do acervo dos mandatos anteriores foram analisados pelo TCU e pela Operação Lava Jato em 2016, e acusou o jornal Estadão de discriminar o presidente Lula, motivado por preconceito social.
– O que ficou sob responsabilidade da guarda do presidente Lula está no seu acervo, guardado. Nada foi vendido nem se tentou vender nada – esclareceu.
– Nesse sentido, respondendo o pedido do jornal [Estadão] de se manifestar sobre a reportagem, parece uma tentativa de confundir alhos com bugalhos para dar combustível a narrativas políticas equivocadas sobre situações distintas com objetivo de gerar desinformação, nascida talvez do inconformismo e preconceito do jornal com a origem social do presidente, por isso o foco nesses objetos, que de resto seguem as mesmas regras de todos os outros – disse a nota.