Na reestreia das reuniões de coordenação política do governo, promovida nesta última segunda-feira (3) no Palácio do Planalto, o presidente Lula da Silva (PT) reclamou de não ter sido acionado por seus articuladores políticos “com a devida gravidade” para tentar evitar a derrota sofrida no Congresso na semana passada. Os parlamentares derrubaram o veto do presidente à “saidinha” dos presos, inclusive com votos do PT, e expuseram o desarranjo na base governista.
De acordo com relatos feitos à Coluna do Estadão, Lula reconheceu a dificuldade de lidar com um Congresso conservador, mas afirmou a seus auxiliares que não deve ser poupado quando houver sinal de revés na Câmara ou no Senado. Para o petista, sua entrada em campo, inclusive recorrendo a ministros que são deputados licenciados, pode ser decisiva em uma votação. Daqui para frente, quer sentir de perto o pulso do Congresso e ser claramente demandado pelos auxiliares se uma crise escalar.
O presidente ainda confessou que é preciso deixar a articulação política mais bem azeitada, e aposta nessas reuniões semanais de coordenação, às segundas-feiras, para afinar o entrosamento do time.
Participaram da reunião com Lula os líderes do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), e no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP); além dos ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Márcio Macêdo (Secretaria-geral); e dos secretários executivos Miriam Belchior (Casa Civil) e Dario Durigan (Fazenda). Os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Fernando Haddad (Fazenda) não participaram porque estão em viagens oficiais à China e ao Vaticano, respectivamente.
Apesar da queixa de não ter sido corretamente avisado da temperatura no Congresso, o presidente — diferentemente dos seus mandatos anteriores — tem se mostrado, neste terceiro governo, avesso a mergulhar na articulação política. Até parlamentares do PT reclamam da falta de acesso a Lula, e cobram portas abertas no gabinete e no Palácio da Alvorada para suas demandas.
Após a goleada da oposição na semana passada, porém, o presidente deve mudar. O ministro Alexandre Padilha sinalizou às lideranças, inclusive do PT, que Lula deve receber expoentes do Congresso nos próximos dias. Falta definir a data.