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segunda-feira 22 de agosto de 2022 às 16:24h

Lula promete ação contra desmatamento, mas espera ajuda internacional

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) colocou o combate ao desmatamento na Amazônia e às mudanças climáticas no centro da sua primeira entrevista à mídia estrangeira nesta campanha e prometeu uma ação forte nessa área, mas deixou claro, ao mesmo tempo, que é preciso a colaboração internacional para ajudar a manter a floresta em pé.

“O que nós precisamos ter em conta é que possivelmente, se nós soubermos trabalhar, e o mundo estiver disposto a colaborar, a manutenção de uma árvore em pé na Amazônia talvez valha mais do que qualquer investimento que se queira fazer”, disse Lula, em um hotel em São Paulo.

“Vocês vão ver o Brasil cuidar da questão do clima como jamais cuidou em qualquer momento”, acrescentou. A atuação do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição, na questão ambiental é uma das áreas mais criticadas da atual administração.

Como mostrou a Reuters, o plano de governo de Lula prevê a concessão de financiamentos mais baixos vinculados à transformação de pastagens degradadas em lavouras de soja, milho, e outras culturas que sequestram carbono como uma maneira de diminuir a pressão sobre a Amazônia ao mesmo tempo que recupera áreas em desuso e aumenta a produção agrícola no país.

Neste plano, o PT inclui a possibilidade de financiamentos externos, uma vez que hoje muitos bancos internacionais já usam o critério verde para a concessão, e também pagamento por serviços ambientais, dentro de um mercado internacional de carbono.

Lula, que lidera as pesquisas eleitorais, tratou de Amazônia já na abertura de sua fala e fez questão de lembrar as mortes do jornalista britânico Dom Philips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira, prometeu pôr um fim no garimpo ilegal no país e reafirmou que criará um ministério de assuntos indígenas que será tocado por seus representantes.

O ex-presidente disse, no entanto, que é necessário uma nova governança global para tratar do clima, e que o Brasil precisa ser central nessa questão.

“O Brasil é um país que precisa ser levado em conta não só pela sua extensão territorial, mas pelo que representa de reserva florestal, de água doce, de biodiversidade”, disse. “Precisamos discutir uma nova governança internacional. É preciso novas instituições, diferentes do FMI, mais países no Conselho de Segurança da ONU, uma nova geopolítica para discutir a questão climática.”

Política externa

O ex-presidente voltou a cobrar uma reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas, considerado defasado por manter a mesma estrutura do pós-guerra, e defendeu o fim do poder de veto das cinco nações que hoje controlam o Conselho –Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido– além da sua ampliação, uma reivindicação antiga do Brasil.

“A ONU precisa ter mais forças para evitar a continuação desses conflitos. É preciso acabar com direito de veto no conselho de segurança e aumentar o número de países. É preciso colocar a geopolítica da ONU no século 21”, defendeu.

O comentário foi feito por Lula ao responder uma pergunta sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia. O ex-presidente disse esperar que tudo já tenha se resolvido quando assumir a Presidência, no caso de ser eleito. Se isso na acontecer, disse, fará o possível para tentar ajudar a resolver o conflito.

“Espero que quando eu ganhara as eleições, a guerra da Rússia e da Ucrânia já tenha terminado, aí eu ficarei muito mais tranqüilo. Se por acaso ela não tiver terminado, você pode ficar certo que o Brasil fará todo esforço que estiver ao seu alcance na conversa com outros chefes de Estado para que a gente estabeleça novamente a paz”, afirmou. “Não admito a continuidade da guerra da Rússia com a Ucrânia ou que haja um conflito entre China e Taiwan.”

Lula voltou a criticar a postura internacional de Bolsonaro, que, para o petista, transformou o Brasil em um pária internacional e não é recebido por ninguém. Reafirmou sua intenção de refazer a integração da América do Sul, hoje praticamente abandonada, e manter relações importantes com Europa, Estados Unidos e China.

“Eu tenho apreço muito grande pela relação do Brasil com a China. Isso vai ser mantido porque para o Brasil interessa ter uma extraordinária relação com a China, os EUA, com a Europa”, disse Lula ao ser perguntado por uma jornalista chinesa como via a relação entre os dois paires.

“Vamos brigar pelos interesses do Brasil, mas nossa relação com a China sempre foi muito forte e espero que continue sendo.”

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