Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nos partidos do chamado Centrão – que não concordam com a posição do atual governo na defesa da situação na Venezuela – avaliam segundo o blog de Valdo Cruz, que chegou a hora de o Brasil cobrar de Nicolás Maduro a “conta” do apoio dado até aqui.
A cobrança, neste caso, seria para exigir que o presidente venezuelano não crie uma guerra na América do Sul e acabe arranhando a liderança do Brasil na região.
Para esses aliados, não basta Lula discursar pedindo que a Venezuela evite uma invasão sobre o território do Essequibo – hoje pertencente à Guiana e alvo de uma disputa em razão das reservas de petróleo.
É preciso que Lula adote uma posição firme em relação a Maduro e deixe claro que o mundo já muitos conflitos. E que uma guerra na América do Sul seria um péssimo sinal, tanto para a posição geopolítica brasileira quanto para a economia do continente.
Se um conflito de fato for deflagrado, está claro que os Estados Unidos e o Reino Unido entrariam em cena para proteger a Guiana. Sobretudo, porque têm negócios importantes no país, uma ex-colônia britânica.
Ainda de acordo com os aliados de Lula no Centrão, até aqui Maduro aprontou “tudo que poderia aprontar”. E ainda assim, foi tratado como um democrata pelo PT e por Lula, que chegou a recebê-lo em Brasília no primeiro semestre.
Agora, além de tudo que já fez, pode invadir um país vizinho para defender à força suas reivindicações territoriais.
Em reunião com assessores, Lula pediu que o Ministério das Relações Exteriores atue para convencer o governo da Venezuela a recuar na “aventura” sobre o Essequibo.
O que antes parecia uma bravata eleitoral vai ganhando novos capítulos e tem elevado a preocupação com a paz na região. Em jogo, está não apenas o comando da Venezuela, mas negócios milionários na região da Guiana.
No momento da invasão da Ucrânia pela Rússia, Lula adotou inicialmente uma posição dúvida – e foi criticado por isso. Depois, fez questão de defender de forma enfática a integralidade territorial dos países, o que é garantido pelas regras da Nações Unidas.
Agora, segundo aliados do presidente brasileiro, ele não pode atuar de forma diferente.
Pelo contrário, tem de ser mais enfático – e até fazer ameaças à Venezuela, caso ela não recue em suas intenções de colocar em risco o território da Guiana.