Lula cumpriu a promessa de indicar um civil para o Ministério da Defesa, mas segundo o colunista Bernardo Mello Franco, do O Globo, o futuro ocupante do cargo não inspira muito otimismo.
José Múcio Monteiro será nomeado com a bênção dos generais que cercam Jair Bolsonaro. Os mesmos que deram retaguarda a suas ameaças contra a democracia.
A escolha é a primeira concessão do presidente eleito às Forças Armadas, que insistem em se outorgar um poder de tutela sobre a República.
Político de direita, Múcio passou mais de uma década na Arena, legenda de sustentação da ditadura militar. Em sua última encarnação partidária, defendeu as cores do PTB. O de Roberto Jefferson, não o de Getúlio, Jango e Brizola.
Com este currículo, o novo ministro não parece a pessoa certa para despolitizar a caserna, banir as homenagens ao golpe de 1964 e barrar a indicação de militares da ativa para cargos civis.
Os generais não são os únicos fãs de Múcio em Brasília. O próprio Bolsonaro já se disse “apaixonado” pelo ex-colega de Câmara, que chefiou a Secretaria de Relações Institucionais no segundo governo Lula. Enquanto o capitão chorava a derrota, o futuro ministro foi visitá-lo no Alvorada, sem registro na agenda oficial.