Para garantir o apoio do União Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ofereceu ao partido o comando do Ministério da Integração Nacional. A pasta, em princípio, seria entregue ao deputado federal pela Bahia, Elmar Nascimento (União Brasil), líder da legenda na Câmara. Aliado do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), ele foi o relator da PEC da Transição, que abriu espaço no Orçamento de 2023 para Lula cumprir algumas de suas principais promessas de campanha.
Além da Integração, a sigla negocia segundo Jussara Soares e Paula Ferreira, do O Globo, um segundo ministério, que ficaria com o ex-presidente do Senado Davi Alcolumbre (União-AP). O senador gostaria de ocupar o Ministério das Cidades, mas a pasta deverá ser entregue ao MDB.
A negociação avançou em uma reunião no final da tarde de quinta-feira entre Lula e os líderes do União na Câmara e no Senado. Inicialmente, o convite para a conversa foi feito pela presidente do PT, deputada Glesi Hoffman, ao presidente do União, deputado Luciano Bivar. Como ambos estavam fora de Brasília, Elmar e Alcolumbre assumiram a tarefa de costurar com o PT.
Segundo integrantes da legenda, a conversa durou cerca de duas horas. No encontro, ficou acertado que o espaço da sigla no futuro governo será definido até terça-feira. Apesar de o União abrigar parlamentares críticos a Lula, como o senador eleito e ex-juiz da Lava Jato, Sergio Moro, a tendência, neste momento, é que a maioria do partido apoie o acordo com o próximo governo.
Na votação em segundo da PEC da Transição, o União entregou 53 votos favoráveis à proposta que beneficia o governo Lula logo na largada, enquanto outros 39 nomes da sigla votaram não. No Senado, foram seis senadores favoráveis e seis contrários ao texto
Além do União, Lula quer atrair o MDB para base no Congresso. Caso Simone Tebet aceite assumir o ministério do Meio Ambiente, o que já é dado como certo por emedebistas, o partido deve ficar com três pastas no governo Lula. A sigla indicou Renan Filho para o comando de Transportes e ainda avalia qual será o nome da Câmara para gerir a pasta de Cidades.
Havia uma discussão se Tebet seria da cota do partido ou da cota pessoal de Lula, mas acabou entrando na conta dos nomes do presidente. Embora a senadora quisesse assumir o Desenvolvimento Social, correligionários consideram que a pasta do Meio Ambiente dará muito mais visibilidade para Tebet. O PT resistiu em entregar o comando do Desenvolvimento Social a Tebet, entre outros motivos, por conta da capacidade da pasta de projetar um nome para as eleições de 2026. O comando do ministério acabou ficando com o ex-governador e senador eleito Wellington Dias (PT).
De acordo com interlocutores do governo eleito, o presidente Lula estava empenhado em encontrar um entendimento com a senadora por considerá-la “uma liderança especial”, mas queria fazer a costura incluindo a direção do MDB na negociação. O apoio da senadora no segundo turno foi visto como um passo importante para a conquista do presidente. Após o fim do ano, Tebet ficará sem mandato, o que faz com que seja importante para a senadora assumir um cargo sob o risco de perder a projeção que ganhou durante a campanha.
Embora o PT tenha sido contemplado em boa parte das pastas, o partido do presidente ainda poderá conquistar mais duas: a Secom e as Comunicações, cujos principais cotados são Paulo Pimenta e Paulo Teixeira, respectivamente. De acordo com integrantes do partido, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, trabalha para emplacar os nomes.