Em um almoço com o vice-presidente Geraldo Alckmin na quinta-feira e em um encontro com o ministro Márcio França nesta última sexta-feira (18), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PL) encaminhou a saída do PSB da pasta de Portos e Aeroportos, mas sinalizou que só vai concluir a reforma ministerial para acomodar o Centrão no governo quando voltar da África, no dia 28.
O Ministério de Portos e Aeroportos, hoje sob o comando de França, deve ser destinado ao Republicanos, que indicou o deputado Silvio Costa Costa Filho para o posto. As informações são de Sérgio Roxo, Lauriberto Pompeu e Camila Turtelli, do O Globo.
Porém, a definição sobre qual espaço será aberto para o PP está travando a reforma de Lula. O partido cobiça o Ministério do Desenvolvimento Social, hoje com o petista Wellington Dias. Essa hipótese, porém, gera forte resistência no PT e em setores do governo.
No almoço na quinta-feira no Palácio do Planalto, Lula e Alckmin tiveram a primeira conversa sobre a reforma ministerial, apesar de o tema estar em discussão há cerca de um mês e meio.
Aliados do vice dizem que a sua permanência na pasta da Indústria e Comércio (Mdic) está garantida. Isso porque Lula não estaria disposto a mexer no posto do vice-presidente da República, considerado importante para a vitória nas urnas em 2022.
Outros integrantes do governo, porém, voltaram a levantar a hipótese de deslocar Alckmin para o Ministério da Defesa. Esse cenário já havia sido mencionado no início das tratativas da reforma, mas esbarra no fato de o cargo ser sensível. O atual titular da Defesa, José Múcio, inclusive, conseguiu diminuir as tensões com as Forças Armadas. Se isso ocorrer, a ideia é França assumir o Mdic.
Múcio, que encararia a sua missão no governo como temporária, aceitou o cargo em dezembro após um apelo de Lula. Nas últimas semanas, porém, Múcio recebeu sinais de que o presidente não estaria disposto a abrir mão dele.
Outra possibilidade, é dividir o Ministério da Indústria e Comércio com a criação da pasta de Micro e Pequenas Empresa, que também poderia acomodar França. Lula conversou com o seu vice sobre o eventual desmembramento do ministério atualmente comandado por ele.
Depois do almoço com Lula, Alckmin chamou, no início da noite de quinta-feira, França e o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, para uma reunião na vice-presidência no anexo do Palácio do Planalto.
Na conversa com França, ocorrida na tarde desta sexta-feira no Planalto, Lula indicou que precisará da pasta de Portos e Aeroportos para poder ter o apoio do Centrão ao seu governo. Nem o almoço com Alckmin nem o encontro com França constavam da agenda oficial do presidente.
Além das reuniões de Alckmin e França com o presidente, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, recebeu nesta sexta-feira o prefeito de Recife, João Campos.
Na conversa, Campos, que é uma das principais lideranças nacionais do PSB, foi informado sobre a possibilidade de o partido ser desalojado do Ministério de Portos e Aeroportos. O argumento de Padilha é que tanto PT como PSB serão afetados pela reforma e perderão espaço para acomodar o PP e o Republicanos.
Lula embarca para a África no domingo. A intenção, revelada pelo líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), era concluir a reforma antes da viagem. O presidente visitará São Thomé e Príncipe, África do Sul e Angola.
Preocupação no PP
Integrantes do PP avaliam que o principal problema para a conclusão da reforma é definir o ministério que o deputado André Fufuca (PP-MA) irá ficar. O partido do Centrão insiste em comandar o Desenvolvimento Social, e aceitaria ficar com a pasta mesmo em um cenário em que o Bolsa Família seria transferido para outro ministério.
Parlamentares interessados na reforma foram informados nesta sexta-feira pelo governo que uma definição só vai acontecer depois que o presidente Lula voltar de viagem. A expectativa inicial era que a reforma ministerial fosse anunciada publicamente nesta sexta. Lira, Fufuca e os parlamentares do Republicanos envolvidos na negociação com o governo, contudo, já haviam saído de Brasília nesta sexta.
Já pelo lado do Republicanos, além de Portos e Aeroportos, , a legenda tem a expectativa de indicar o presidente da Fundação Nacional da Saúde (Funasa), cargo que também é desejado pelo PSD e PP.