O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indicou segundo Ivan Santos, do Bem Paraná, para o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE/PR) o advogado Julio Jacob Júnior, desafeto do ex-juiz e senador Sergio Moro (União Brasil). Jacob Júnior teria sinalizado que votaria contra no processo que pode resultar na cassação do seu mandato.
O advogado é ligado ao ex-governador e deputado federal Beto Richa (PSDB). Jacob tinha contra si críticas públicas que havia feito ao PT, incluindo insinuação de sabotagem no acidente aéreo que levou à morte o presidenciável Eduardo Campos (PSB), em 2014.
Antes da indicação, Jacob fez uma série de encontros em Brasília com assessores de ministros, com a presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, com o líder do partido na Câmara, Zeca Dirceu (PR), e com o presidente da Comissão de Justiça da Câmara, Rui Falcão (PT/SP).
A indicação também passou por análise do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, Secretaria das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, Justiça, Flávio Dino, e Advocacia Geral da União (AGU), Jorge Messias. Nos encontros, ele se colocou como garantista.
Questionado sobre os pedidos de cassação do mandato de Moro, apresentados pelo PL e pelo PT, Jacob teria afirmado que, se houver comprovação de descumprimento da lei eleitoral, não deixará de votar pela afastamento do ex-juiz por causa de seu currículo, número de votos ou pressão da opinião pública.
Em conversas, Jacob chegou a se definir, entre os candidatos, como único capaz de encaminhar um voto divergente caso o relator do pedido de cassação de Moro vote pela improcedência da representação contra Moro.
Sua movimentação ocorreu em meio a publicações do marido de Sabbaga, Sandro Rafael Bonatto, com fortes críticas a Lula e ao PT, incluindo a afirmação que o governo representa um retrocesso no país. As representações contra Moro pedem à Justiça Eleitoral do Paraná a cassação do mandato do senador sob a alegação de supostas irregularidades nos gastos de campanha.
A interlocutores Jacob conta ter conversado com o advogado de Moro após sua nomeação, em abril.
Segundo esses relatos, Jacob disse que o senador não teria por que se preocupar se estivesse tranquilo com as provas que estão sendo produzidas na análise da representação.
A fase atual é de produção de provas. Entre as acusações, está a de gastos acima dos limites estabelecidos pela lei eleitoral. Para a disputa pelo Senado do Paraná, o teto era de R$ 4,4 milhões. Moro declarou um gasto de R$ 5,2 milhões, segundo o site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Moro nega as acusações.