sexta-feira 24 de janeiro de 2025
Ex-presidente Lula participa de sabatina no UOL Reprodução
Home / DESTAQUE / Lula faz ‘pacote de promessas’ para tentar atrair mulheres de baixa renda
terça-feira 13 de setembro de 2022 às 05:45h

Lula faz ‘pacote de promessas’ para tentar atrair mulheres de baixa renda

DESTAQUE, NOTÍCIAS, POLÍTICA


Numa estratégia para atrair o voto de mulheres de baixa renda, a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT ao Palácio do Planalto, preparou um pacote de propostas voltadas para este público. Entre as promessas estão o aumento de vagas em creches públicas, com a retomada de obras paradas em escolas de educação infantil, um pagamento de R$ 150 a mais a beneficiárias de programa social por filho de até 6 anos, além da criação de um Ministério das Mulheres, voltado exclusivamente a políticas públicas relacionadas ao gênero.

Conforme o jornal O Globo, as mulheres das classes C, D e E, representam um quinto do eleitorado brasileiro — aproximadamente 30 milhões de pessoas — e onde há parcela significativa dos indecisos ou que ainda podem mudar de voto até o dia da eleição.

O ex-presidente tem dito que, se eleito, vai pedir para governadores e prefeitos indicarem obras prioritárias em seus estados para serem retomadas — as de educação e saúde deverão ser as primeiras a receber recursos. Relatório deste ano do Transparência Brasil aponta que 2.530 obras de creches e escolas custeadas pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) estão atrasadas, 72% delas estão paradas. A proposta também prevê aumento de repasses federais para custeio das vagas — com colaboração maior para gastos em geral e merenda escolar, repactuando convênios com municípios por meio de metas educacionais.

— No caso das mulheres, não é só uma questão de impacto na economia da família. É também uma questão de equidade de gênero. Muitas mulheres acabam não tendo a oportunidade de trabalhar porque tem filhos pequenos ou as deixam em situações vulneráveis — afirma a economista Tereza Campello, ex-ministra do Desenvolvimento Social de Dilma Rousseff.

Mirando esse público, Lula já anunciou o pagamento de R$ 150 a mais por criança de 0 a 6 anos para famílias atendidas pelo Bolsa Família (rebatizado de Auxílio Brasil no atual governo) e um programa de renegociação de dívidas para pessoas que recebem até três salários mínimos. Cálculos preliminares de economistas que trabalham na elaboração do plano de governo apontam que o benefício de R$ 150 a mais por filho deve atingir 10 milhões de crianças.

O PT não aponta qual será a fonte de recurso. Argumenta, porém, que a ideia é corrigir uma distorção causada pelo Auxilio Brasil de R$ 600, em que um adulto que mora sozinho ganha o mesmo valor de uma mãe com filhos pequenos.

— Há muitas famílias recebendo de forma injusta se comparada com outras. Não é só o debate de quanto custa, mas como fazer isso de forma adequada. Hoje existe uma injustiça que queremos começar a corrigir — afirma Campello.

Lula também tem repetido que irá criar o Ministério das Mulheres — que seria diferente do atual, que engloba atribuições do antigo Ministério dos Direitos Humanos e foi rebatizado no atual governo como Ministério da Mulher, Família e Direitos Humano. Ao lançar essas promessas, petistas admitem que apenas falar do legado das gestões de Lula para este público não é o suficiente — programas como Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida já tinham mulheres como público de referência.

Evangélicas

Na avaliação da campanha petista, a estratégia de fazer promessas específicas que agradam ao eleitorado feminino é também uma forma de tentar ganhar terreno entre evangélicos. A estimativa é de 40% a 60% das mulheres de baixa renda fazerm parte do segmento religioso, em que o presidente Jair Bolsonaro leva vantagem, segundo pesquisas de intenção de voto.

A campanha acredita que, ao pautar temas econômicos, chega a este público sem precisar entrar no debate religioso. Por compor uma faixa do eleitorado que ainda pode se movimentar, o PT quer tentar atraí-las a partir da pauta econômica, enquanto Bolsonaro, na leitura de lulistas, tentará conquistá-las com discurso de costumes e usando Michelle Bolsonaro na campanha.

Na segunda-feira, 12, a campanha começou a impulsionar um vídeo de propaganda política no YouTube com foco em mulheres. A gravação de pouco mais de um minuto traz uma mulher negra lembrando benefícios das gestões petistas em nome das mulheres, criação da Lei Maria da Penha, Lei do Feminicídio e a Lei da Liberdade Religiosa.

— Elas são votos conquistáveis, que estão em aberto. É um público suscetível a questões proeminentes do dia a dia e a economia tem uma relevância muito grande, inflação dos alimentos, informalidade do mercado de trabalho, dificuldade de renda. São muito mais apegadas a isso do que a qualquer nuance de rejeição, são menos afetadas pelas narrativas da bolha, são pouco ligadas a ameaça democrática, ao discurso machista ou de quem é mais corrupto, isso claramente não engaja elas — afirma o presidente do instituto Idea Big Data, Mauricio Moura.

Veja também

Putin diz que reeleição de Trump em 2020 teria evitado guerra na Ucrânia

Numa entrevista ao jornalista Pavel Zarubin, autor do programa “Moscovo. Kremlin. Putin”, no canal de …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Content is protected !!