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quarta-feira 14 de julho de 2021 às 07:52h

Lula escorrega em uma casca de banana após abrir mão de marcar posição, diz jornal

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Segundo a Folha de S. Paulo, Lula atravessou o Malecón e correu para escorregar numa casca de banana do outro lado da avenida. Pela manhã, o ex-presidente afirmou que não entendia o que havia “de tão especial” nos protestos registrados em Cuba, os maiores em quase três décadas. O petista descreveu os atos como “uma passeata” e tratou o episódio de maneira singela: “As pessoas se manifestam”.

Nem o regime comandado por Miguel Díaz-Canel foi tão generoso na avaliação dos protestos. O líder cubano percebeu que aquela não era só “uma passeata”. Ele chamou os manifestantes de “delinquentes”, acionou a polícia, pediu que apoiadores tomassem as ruas para neutralizar opositores e bloqueou o acesso à internet em diferentes pontos do país.

O petista fez um esforço para ignorar a repressão oficial aos protestos e os elementos políticos que deram peso às manifestações. Lula destacou que as dificuldades enfrentadas pelo povo cubano têm o peso perverso do embargo americano à ilha, mas abriu mão de marcar uma posição firme num momento de erosão da democracia em diversos países, incluindo o Brasil.

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições municipais de 2020 – Amanda Perobelli/Reuters
O ex-presidente sabe que “as pessoas” não “se manifestam” normalmente em Cuba. A ditadura reprime atos e monitora críticos do regime. Nos últimos dias, foram presas mais de 100 pessoas que têm alguma relação com os protestos, segundo organizações de direitos humanos. O próprio presidente do país disse que os manifestantes tiveram “a resposta que mereciam”.

Lula apontou que não se viu “nenhum soldado em Cuba com o joelho em cima do pescoço de um negro, matando ele” –como se a brutalidade policial que assassinou George Floyd e outros americanos estabelecesse uma escala de repressão.

Embora Cuba seja um item de expressão modesta na política externa brasileira, Lula mostra que o PT ainda trata a ilha como uma relíquia diplomática. A defesa do fim do embargo americano, peça-chave nessa agenda, poderia vir acompanhada de cobranças pela abertura do regime.

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