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Os candidatos à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) - Fotos: Reprodução
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quinta-feira 15 de setembro de 2022 às 09:50h

Lula é o mais rejeitado no Sul, e Bolsonaro o mais rejeitado no Nordeste

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A 18 dias das eleições, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) adotaram estratégias semelhantes nesta semana de acordo com reportagem do jornal O Globo, para tentar diminuir suas rejeições. Os dois vão concentrar esforços em regiões onde as pesquisas registram os maiores índices de eleitores que dizem não votar de jeito nenhum em um deles: o petista no Sul (46% de rejeição, segundo o Ipec), enquanto o candidato do PL no Nordeste (61%). Na bagagem, levarão discursos ajustados para atrair o apoio de segmentos em que aparecem em desvantagem.

Além da baixa popularidade no Nordeste, Bolsonaro é mais rejeitado entre eleitores sem religião ou que não são católicos ou evangélicos (57%), pessoas em que alguém do domicílio recebe benefícios do governo federal (56%) e moradores da capital e da periferia (54% em ambos).

Foi com foco nestes públicos que o presidente esteve ontem em Natal, capital do Rio Grande do Norte, e no sábado estará em Pernambuco, nas cidades de Caruaru e Garanhuns, terra de Lula, seu principal adversário.

Em discurso na capital potiguar, Bolsonaro deu o tom da estratégia traçada para tentar elevar a rejeição a Lula, citando casos se corrupção nas gestões petistas, e reduzir a sua, ao destacar feitos de seu governo, com destaque para o Auxílio Brasil — programa social que substituiu o Bolsa Família — e à transposição do Rio São Francisco — obra iniciada no governo do adversário, mas que o atual presidente reinvidica para si.

— Uma obra que era para ter sido concluída ha 10 anos, lá em 2012, mas quem estava administrando essa obra pensava apenas em desviar dinheiro, e não água para o seu povo — disse Bolsonaro.

O discurso deve se repetir no sábado em Pernambuco, estado natal de Lula. De manhã, Bolsonaro participa de uma motociata em Caruaru e depois segue para Garanhuns, cidade natal de Lula, onde participa de uma Marcha para Jesus.

De acordo com integrantes da campanha, mais do que tentar alavancar candidaturas aliadas na região, a viagem de Bolsonaro tem um tom provocativo. Para o presidente, é importante produzir imagens que demonstrem ter apoio em local considerado um terreno dominado pelo petismo.

No estado, Bolsonaro tenta eleger o seu ex-ministro da Turismo, Gilson Machado (PL), senador, e Anderson Ferreira (PL) para o governo. Os dois, contudo, aparecem em desvantagem para aliados de Lula nas pesquisas eleitorais.

O núcleo da campanha ainda prepara uma visita de Bolsonaro na Bahia, onde Lula tem 62% da intenção de votos contra 20% de Bolsonaro, segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta-feira. O estado, quarto maior colégio eleitoral do país, entrou na lista de prioridades da campanha presidencial.

Integrantes da campanha admitem, contudo, que o quadro no Nordeste é muito difícil de ser revertido diante do favoritismo de Lula na região. A tática adotada é a de “redução de danos”, tentando conquistar votos que possam, ao menos, reduzir a diferença para o petista, principalmente entre os beneficiários do Auxílio Brasil e evangélicos.

Classe média e moradores do Sul

Já Lula enfrenta seus piores índices, segundo o Ipec, entre pessoas com renda familiar com renda acima de cinco salários mínimos (51%), evangélicos (51%), moradores da região Sul (46%) e pessoas com ensino superior (42%).

Ele visitará o Sul do país no momento em que, pela primeira vez desde o início da campanha, Bolsonaro aparece à sua frente na região. Até então, os dois apareciam empatados dentro da margem de erro. De acordo com a pesquisa Ipec de 12 de setembro, Bolsonaro agora tem 41% das intenções de voto no Sul e Lula, 36%.

A incursão de Lula na região bolsonarista — o presidente ganhou nos três estados em 2018 — buscará quebrar resistências entre dois blocos importantes da rejeição do petista: classe média e moradores do Sul. Lula estará em Porto Alegre na sexta-feira, 16, Curitiba no sábado, 17, e Florianópolis no domingo, 18.

Na capital gaúcha, o ex-presidente falará sobre aumento do custo de produção para o agricultor, citará o preço do diesel, alta dos juros para custeio agrícola e a errática diplomacia internacional de Bolsonaro que prejudica as exportações. Lula também vai mirar no voto útil na base do PDT gaúcho, com o discurso que falta pouco para vencer no primeiro turno. Uma das estratégias petista nesta reta final da campanha é mudar o voto de eleitores de Ciro Gomes (PDT).

— Queremos consolidar o voto com o povo e dialogar com a classe média e o eleitor mais ao centro, convencê-lo a não entrar novamente na barca furada que é Bolsonaro. A opção de segundo turno beneficia Bolsonaro. É importante fazer resgate do que foi os governos do Lula mas também falar do futuro, de proposta, emprego e comida — afirma o deputado Elvino José Bohn Gass (PT-RS). O Rio Grande do Sul é o único dos três estados da região onde Lula leva vantagem, com 42% frente a 34% de Bolsonaro, segundo pesquisa Ipec de 2 de setembro.

Em Santa Catarina, onde Bolsonaro tem 50% e Lula 25%, conforme Ipec de 22 de agosto, o PT pretende reduzir a vantagem do presidente ao tentar colar a pecha que o atual chefe do Planalto não gosta do estado e que só vai a Santa Catarina para passar férias, andar de jet ski e fazer motociatas. O argumento da campanha de Lula é que o presidente não inaugurou obras com recursos do governo federal no estado. Lula também focará na classe média, citando propostas específicas a este público.

Petistas trabalham pelo empate entre Lula e Bolsonaro no Paraná. O presidente tem 41%, seis pontos de vantagem em relação aos petistas, com 35%, de acordo com pesquisa Ipec de 22 de agosto. A leitura é de que se Lula encostar em Bolsonaro no estado terá chance de vencer no Sul — já que o petista está à frente no Rio Grande do Sul, estado mais populoso que Santa Catarina, onde Bolsonaro lidera.

Os focos de rejeição mais difíceis para o PT avançar no Paraná são idênticos aos do quadro nacional: evangélicos e agronegócio. Na cidade em que ficou preso na superintendência da Polícia Federal por 580 dias, Lula espera reunir 15 mil pessoas na Boca Maldita, reduto tradicional de peregrinação de políticos na área central da cidade. Um dia antes, Bolsonaro estará em Londrina, no norte do estado.

— Lula trará um discurso esperança e falará como tirar o Brasil da UTI, Bolsonaro vem ao Sul para segurar sua queda e nós viemos para garantir nosso avanço — afirma o presidente do PT no Paraná, Arilson Chiorato.

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