O conjunto de notícias recentes nos faz entender, diz Daniel Fernandes, do Estadão, que há novamente um embate no ambiente virtual entre Lula e Bolsonaro. E disso depreende a seguinte conclusão: a polarização, longe de acabar, deve se intensificar no ambiente digital. Vera Rosa, em coluna semanal publicada neste Estadão, mostra que o atual presidente pretende – antes de 100 dias de governo – lançar um podcast semanal para tentar estabelecer um contato direto com os eleitores. Lula recebeu a sugestão de fazer uma live, mas ministros acharam o óbvio, que o petista se equipararia (muito) a Bolsonaro, que manteve esta estratégia em seus quatro anos de governo.
Antes, reportagem de Iander Porcella mostrava que o presidente, em carta que seria lida na abertura da conferência da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), pretendia defender que as plataformas digitais garantam o fortalecimento dos direitos humanos e da democracia. E foi de fato este o conteúdo do documento: “Também não podemos permitir que a integridade de nossas democracias seja afetada pelas decisões de alguns poucos atores que hoje controlam as plataformas”, atestava o documento divulgado pela Presidência.
E não bastasse isso, o governo federal divulgou nesta semana que uma potência virtual – Felipe Neto – vai integrar grupo de trabalho para combater o discurso de ódio, que em grande parte se prolifera no ambiente virtual.
No canto oposto do Brasil polarizado, notícia publicada por Levy Teles revela sem meias palavras: pouco mais de um mês após a tentativa de golpe em Brasília, militantes de direita e apoiadores do ex-presidente Bolsonaro voltam a se organizar em grupos no WhatsApp. Cada grupo desses pode chegar a 5 mil integrantes. O disparo de mensagens voltou a ganhar força neste mês, conforme análise feita pelo Laboratório de Pesquisas em Comunicação, Culturas Políticas e Economia da Colaboração da Universidade Federal Fluminense (Colab/UFF).
Não se sabe, ao menos publicamente diz Daniel Fernandes, do Estadão, até quando Jair Bolsonaro permanecerá nos Estados Unidos, de onde usa sua conta no Twitter para propagar ações do seu governo recém-encerrado. Não se sabe, também, quando ele volta, mas percebe-se que o próximo debate entre ele e Lula será no ambiente virtual.