O presidente Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (30) que é importante que apoiadores cobrem o governo “de olho na realidade” e se referiu limitações no orçamento da União como um “cobertor curto”. Segundo Lula, é preciso “fazer mágica” para ir “definindo as prioridades do governo”. O presidente afirmou ainda que tem minoria no Congresso Nacional e cobrou indiretamente engajamento nas eleições municipais.
— Eu não me importo que o movimento reivindique do nosso governo, afinal de contas foi para isso que vocês nos elegeram, para cobrar de nós aquilo que vocês sonham. Mas é importante a gente saber que tem que cobrar do governo que a gente elegeu, sempre de olho na realidade — afirmou Lula durante a Conferência Nacional da Educação (CONAE) 2024.
O presidente completou:
— Quando a gente pede mais dinheiro para uma coisa, tem duas formas de a gente ter. Ou a receita cresce, ou nós temos que tirar de uma área para colocar na outra. E todo mundo sabe que quando o cobertor não é tão grande, se você cobrir a cabeça, você descobre o pé. Então nós temos que fazer mágica para ir definindo cada vez mais as prioridades. E as prioridades do nosso governo são duas: a educação, e a saúde pública merecem prioridade em nosso governo. E em terceiro lugar, cultura, porque sem cultura nenhum país vai a lugar nenhum
Ao destacar o baixo apoio do Palácio do Planalto no Congresso Nacional, Lula afirmou que os apoiadores têm a “responsabilidade” de ajudar o governo na aprovação de medidas, uma vez que era preciso ter a “competência e a habilidade” para “conversar com quem não gostamos”.
— Vocês têm a responsabilidade de nos cobrar e de nos ajudar a fazer as coisas que nós temos que fazer. Porque quando a gente mandar um PL para o Congresso Nacional, não são esses deputados aqui que vão resolver. Eles já são votos garantidos. Nós precisamos ter competência e habilidade para conversar com quem não gostamos e com quem não gosta de nós para que a gente possa aprovar as coisas que a gente quer.
Lula, então, falou sobre as eleições municipais, marcadas para outubro deste ano, pedindo indiretamente engajamento dos apoiadores para eleger candidatos favoráveis ao governo.
— Somos minoria no Congresso Nacional […]Esse ano vai ter eleição para vereador e prefeito. Qual será o nosso papel nessas eleições? Será que os professores do país não têm condições de eleger um vereador em cada cidade? É importante a gente ter em conta que tudo o que a gente deseja, tudo o que a gente quer, passa pela política.
Críticas a Bolsonaro
Lula dedicou boa parte do seu discurso para fazer críticas à gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em mais de um momento, destacou o crescimento da extrema-direita pelo mundo e acusou a gestão anterior de espalhar mentiras.
Em certo momento, Lula afirmou que parte da responsabilidade pela “enorme quantidade de mentira” contada era porque a esquerda “não conseguiu construir uma narrativa que se opusesse”.
— Eles contaram uma quantidade enorme de mentira e muita gente nesse país foi acreditando possivelmente porque a gente não conseguiu construir uma narrativa que se opusesse a quantidade de mentira que era contada nesse país
O presidente afirmou ainda que a extrema direita usa a “boa fé religiosa do povo” para fazer política.
— […] A extrema direita tem crescido em vários lugares do mundo, não apenas na América Latina, no Brasil, na Argentina, a gente vê crescer na Holanda, na Espanha, em Portugal, nos Estados Unidos, na Hungria, na França, em vários outros países, uma extrema direita irresponsável, uma extrema direita que mente descaradamente o dia inteiro sobre tudo, e que utiliza a boa fé religiosa do nosso povo, a espiritualidade santa do nosso povo para fazer política.