O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quinta-feira (110) em entrevista a Reuters, que deve apresentar sua candidatura no início de abril, depois de terminar as negociações para formar uma coligação de apoio para as eleições deste ano.
“Eu devo definir minha candidatura agora no início de abril, quando terminarmos todas as conversas com os partidos políticos. E aí eu vou construir uma chapa para as eleições e principalmente para governar o país”, disse Lula em entrevista à rádio Itatiaia (MG).
A intenção inicial dentro do PT era ter a candidatura nas ruas na metade deste mês, com Lula passando a viajar já como pré-candidato no final de março –duas viagens estão programadas, para o Rio de Janeiro e Paraná. No entanto, as negociações para alianças demoraram mais do que o esperado.
Apenas na quarta-feira as negociações pela criação de uma federação com PSB, PV e PCdoB chegaram a um termo, mesmo não sendo o que o PT esperava. Os socialistas ficaram fora da federação, que deve seguir apenas com PV e PCdoB, mas devem manter uma coligação nacional e em alguns Estados com o PT, com a previsão da filiação do ex-governador Geraldo Alckmin ao partido para ser vice de Lula.
“O fato de o PT ter feito a federação com PV e o PCdoB é muito importante. Eu ainda trabalho com a ideia de o PSB entrar nessa federação. Se não entrar, vamos fazer uma coligação e vamos estar juntos nas eleições de 2022”, disse Lula.
Ao anunciar que não faria parte da federação, o PSB deixou esta porta aberta, mas todos os lados consideram que essa é uma chance mínima. Mais que as alianças regionais em Estados como São Paulo –em que Fernando Haddad (PT) e Márcio França (PSB) disputam o direito da candidatura a governador– Rio Grande do Sul e Espírito Santo, o que dificulta o acordo é o temor do PSB de acabar sendo engolido pelo PT.
O partido propôs mudanças no estatuto do que seria a federação que o deixaria com mais poder dentro da assembleia de direção do partido, entre elas incluir na conta da formação do grupo prefeitos e vereadores, o que aumentaria sua cota, e um número de membros que poderiam vetar decisões, o que aumentaria o poder dos socialistas. Ambos os pontos não foram aceitos pelos demais partidos.
A formação de uma federação interessava diretamente a Lula, que via no acordo com o PSB a possibilidade de ter uma bancada própria de pelo menos 150 deputados, com capacidade de influência maior na Câmara. Isso porque uma federação atua como um partido pelos quatro anos de mandato, enquanto uma coligação não tem as mesmas obrigações, como fidelidade partidária.
O PT trabalha ainda para ampliar as coligações no primeiro turno. Na quarta, depois de uma reunião com dirigentes do PSOL, ficou praticamente fechada a coligação entre os dois partidos.
O único empecilho, por enquanto, é a decisão do PSOL de formar uma federação com a Rede. O partido, que hoje tem apenas um deputado, precisa do acordo para sobreviver à cláusula de barreira, está dividido no apoio ao PT.
Enquanto a maior parte defende a coligação nacional –e o único senador do partido, Randolfe Rodrigues, já faz parte da coordenação de campanha de Lula– uma das maiores lideranças da Rede e sua fundadora, Marina Silva, recusa-se a conversar com o PT e ensaia uma aproximação com Ciro Gomes (PDT).
“Essa é uma questão que eu deixo para o PSOL resolver”, disse a presidente do PT, Gleisi Hoffman, ao ser perguntada sobre essas dificuldades.