O presidente Lula da Silva (PT) afirmou neste último sábado (22), em festa de aniversário de seu partido, no Rio de Janeiro, que há desconhecimento do que é feito por seu governo mesmo em seu ministério.
A crítica foi feita às vésperas de uma reforma ministerial e após pesquisas sobre a queda de popularidade de sua gestão.
Lula relatou sua insatisfação ao citar uma reunião ministerial recente. “Descobri na reunião, Gleisi [Hoffmann, presidente do PT], que o ministério do meu governo não sabe o que estamos fazendo. Não sabe. Se o ministério não sabe, o povo muito menos.”
O presidente prometeu distribuir material para que cada militante do PT saiba tudo o que foi feito nos dois anos de mandato.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, que entrou no governo com perfil mais técnico, compareceu ao evento do PT. Como revelou a Leonardo Vieceli e Victória Cócolo, da Folha de São Paulo, Lula decidiu demiti-la da pasta, e o atual titular da SRI (Secretaria das Relações Institucionais), Alexandre Padilha (PT), deve assumir a vaga.
O presidente deve se reunir na terça-feira (25) com ela, desencadeando a reforma ministerial pela chamada “cozinha” do governo. Na sexta (21), Lula havia dito que “de vez em quando a gente erra”, ao falar sobre a escolha de ministros.
Neste sábado, sem citar diretamente a mudança já feita na pasta da comunicação, chefiada atualmente pelo marqueteiro Sidônio Palmeira, o presidente disse que agora “não tem mole” e que “não haverá mais mentiras contra o governo”.
A troca na Secom foi feita por Lula por entender que a baixa aprovação do governo, conforme institutos de pesquisa, está aquém dos resultados do mandato, como a alta do PIB e a baixa taxa de desemprego.
Pesquisa Datafolha divulgada neste mês apontou que a aprovação de Lula desabou em dois meses, de 35% para 24%, chegando a um patamar inédito para o petista em suas três passagens pelo Palácio do Planalto. A reprovação também é recorde, passando de 34% a 41%.
No discurso deste sábado ao PT, o chefe do Executivo nacional aproveitou para reiterar que está totalmente curado do acidente doméstico, no qual caiu no banheiro e bateu a cabeça. “Graças a deus, o Lulinha tá 100% curado da cabeça.”
Lula fez críticas ao mercado, ao presidente dos EUA, Donald Trump, e às big techs, defendeu a atuação de Gleisi Hoffmann, presidente do PT que deve compor seu novo ministério, e da primeira-dama, Janja.
Disse ainda que o partido precisa mudar. “Precisamos voltar a discutir política dentro da fábrica, nos locais de trabalho da cidade e do campo. É preciso voltar a dialogar com a periferia, percorrer o Brasil, dialogar com as igrejas, ocupar de novo as ruas. Se a gente só aparece de quatro em quatro anos para pedir voto, seremos iguais a todos os partidos políticos desse país.”
Ao falar de Janja, Lula disse que ela “agora é a bola da vez”. Para o presidente, sua esposa tem sido alvo da oposição como forma de atingi-lo. O presidente defendeu que a primeira-dama continue de “cabeça erguida” fazendo o que ela gosta “sem ligar para oposição” e disse que em sua casa é “é proibido proibir”.
“Ou você para de fazer o que você gosta, eles vão parar de incomodar, ou você continua falando até eles perceberem que não vão mudar a sua ideologia, não vão mudar o seu pensamento. Isso é uma guerra.”
O presidente exaltou Gleisi ao lembrar que foi um dos principais apoiadores da candidatura dela para assumir a presidência do partido. “O bom presidente do PT é aquele que saiba falar com as pessoas de dentro do partido. Não tem ninguém dentro do partido que tenha a capacidade de presidir o PT como a Gleisi.”
“Se não fosse você, eu não sei se a gente teria um homem que aguentaria a barra que você aguentou defendendo o PT”, afirmou.
A aposta do mandatário é que “2025 seja um ano de colheita”. Lula disse aos apoiadores que muito foi feito durante seus dois anos de mandato e que ainda será entregue “muito mais”. Ele afirmou que não teria voltado a governar o país para “ser um fracasso”.
Em seguida, orientou a militância a combater notícias falsas e emendou uma crítica a Trump. Segundo ele, os EUA, que sempre “venderam a ideia de paladino da democracia”, têm sido contra o discurso ao qual o país era fiel. “América para os americanos. O Canadá não é mais um país, é um estado. A Groenlândia é dele. O México não tem mais o Golfo. Mas a gente é cidadão. Ele não foi eleito para ser o xerife do mundo, ele foi eleito para governar os Estados Unidos.”