Presidente do Brasil faz pronunciamento na abertura do encontro, em Nova York
O presidente Lula da Silva (PT) discursa nesta terça-feira (24) na abertura da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. O Brasil é tradicionalmente o primeiro a país a se pronunciar no púlpito no encontro da ONU.
Em uma cúpula que acontece em meio à escalada de tensão no Oriente Médio, com temores de um conflito em larga escala entre Israel e o Hezbollah no Líbano, Lula deve voltar a criticar o atual modelo de governança global. O líder brasileiro tem apontado em diversas ocasiões para a incapacidade da ONU em resolver os conflitos pelo mundo. Além disso, Lula também deve fazer um alerta sobre o avanço da crise climática, que já afeta o Brasil com o impacto da seca no país.
Em seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, Lula disse que o uso da força “sem amparo” virou regra no mundo. Ele citou o conflito entre Rússia e Ucrânia, criticou a ofensiva israelense em Gaza e disse que a guerra se expande “perigosamente” para o Líbano, afirmando que já havia passado da hora da diplomacia entrar em ação.
“Presenciamos dois conflitos simultâneos com potencial de virar generalizados. A Ucrânia não tem perspectiva de paz mais de dois anos após a invasão da Rússia, que o Brasil condenou de maneira firme”, disse ele. “Já está claro que ambas partes não vão conseguir alcançar todos os seus objetivos por via militar. Precisamos criar condições para retomar um processo de diálogo e o fim das hostilidades”, defendeu.
Lula também criticou a escalada de hostilidades no Oriente Médio, afirmando que o conflito em Gaza agora se expande “perigosamente” para o Líbano.
“O que começou como uma ação de fanáticos contra civis israelenses inocentes, tornou-se uma punição coletiva de todo o povo palestino. São mais de 40 mil vítimas fatais, em sua maioria mulheres e crianças. O direito de defesa se tornou em direito de vingança que impede um acordo para liberação de reféns e adia o cessar fogo”, declarou o mandatário.
Ele destacou ainda que o ano de 2023 registrou o recorde do maior número de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial, afirmando que os gastos militares globais cresceram pelo nono ano consecutivo. “Mais de 90 bilhões de dólares foram usados com arsenais nucleares. Recursos poderiam ter sido usados para combater a fome, mas o que se vê é o aumento das capacidade bélicas”, criticou.
Segundo Lula, o número de pessoas que dependem de ajuda humanitária para sobreviver subiu para 300 milhões.