A proporção de investimento em programas para a campanha dos principais adversários na disputa eleitoral, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), é de quatro para um. Eles são os líderes nas pesquisas de intenção de voto.
Até agora, conforme Caê Vasconcelos, do UOL, o petista gastou cerca de quatro vezes o valor investido pelo atual presidente em produções para rádio, televisão ou vídeo. Os dados foram apresentados na terça-feira (13) na plataforma Divulgacand, da Justiça Eleitoral.
De acordo com os dados declarados ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Lula gastou quase R$ 26 milhões nas campanhas na televisão, enquanto Bolsonaro despendeu quase R$ 6 milhões. Os valores têm como base as declarações apresentadas até 13 de setembro.
Entre Lula e Bolsonaro, aparecem Soraya Thronicke (União) e Ciro Gomes (PDT).
Soraya, que está no partido com maior fundo eleitoral, declarou quase R$ 13 milhões em produções para a televisão e rádio, enquanto Ciro declarou R$ 8 milhões.
Confira as despesas de cada presidenciável com TV, rádio ou vídeo:
- Lula (PT): R$ 25.921.000,00
- Soraya Thronicke (União): R$ 12.983.000,00
- Ciro Gomes (PDT): R$ 8.450.350,00
- Jair Bolsonaro (PL): R$ 5.800.000,00
- Simone Tebet (MDB): R$ 1.540.000,00
- Felipe d’Avila (Novo): R$ 506.000,00
- Eymael (DC): R$ 75.000,00
- Léo Péricles (UP) – R$ 0,00
- Sofia Manzano (PCB): R$ 0,00
- Vera Lúcia (PSTU): R$ 0,00
Importância da TV. Apesar do avanço da internet, que cada eleição ganha mais destaque, as propagandas na televisão ainda são uma oportunidade para os candidatos furarem suas bolhas de apoiadores e atingirem os eleitores indecisos. Segundo a pesquisa Quaest de intenção de votos para a Presidência, 40% dos eleitores disseram que a TV é o principal veículo pelo qual se informam.
Tanto é assim que os quase R$ 26 milhões de Lula representam quase metade das despesas informadas até agora. No caso de Bolsonaro, esse gasto equivale a um quinto do total de suas despesas já declaradas.
Para o cientista político Bhreno Vieira, o gasto em campanhas televisivas demonstra as diferenças no modelo e na estratégia de Lula e Bolsonaro.
“Bolsonaro tem uma dominância muito forte na campanha das redes”, diz Vieira, doutorando da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e pesquisador das relações entre os poderes Executivo e Legislativo e eleições.
Já para Lula, na análise do cientista político, a televisão e rádio servem para que ele chegue em seus eleitores. “A maior parte do seu eleitorado é formada por membros das classes D e E, que vão escutar na rádio, assistir na televisão. Ele quer atingir essa população”.
O que falaram as campanhas sobre os gastos? A reportagem procurou as campanhas de Lula, Soraya, Ciro e Bolsonaro. Apenas a de Soraya respondeu e disse que uma das apostas para se tornar ainda mais conhecida “é o horário eleitoral gratuito”. “Muitos já a reconhecem e admitem apoio por força da influência das peças que vão ao ar em rádio e TV em rede nacional”, disse a assessoria da candidata em nota.
A campanha de Bolsonaro disse que não iria comentar. As de Lula e Ciro não responderam.
O que mostram os vídeos de campanha? Desde o começo da campanha eleitoral na televisão, Lula e Bolsonaro têm defendido seus respectivos governos e apresentado peças voltadas às classes média e baixa.
Janja da Silva e Michelle Bolsonaro, esposas dos candidatos, também têm ganhado destaque na televisão, falando diretamente com e para as mulheres.
Por ter mais rejeição entre o eleitorado feminino, Bolsonaro começou a usar Michelle desde o começo da campanha, o que motivou adversários a cobrarem o TSE, que barrou vídeos em que a primeira-dama aparecia muito.
Quanto já gastou cada candidato no total? As receitas e despesas das campanhas também foram divulgadas pelo TSE. Lula foi o candidato que mais gastou até o momento: mais de R$ 52 milhões na campanha.
Na sequência, aparecem Simone Tebet, que gastou R$ 32 milhões de reais, e Soraya Thronicke, com R$ 30 milhões. Jair Bolsonaro e Ciro Gomes gastaram R$ 20 milhões durante suas campanhas até agora.
Quanto podem gastar? O limite de gastos para candidatos à Presidência é de R$ 88,94 milhões. Se houver segundo turno, cada um dos concorrentes poderá gastar mais R$ 44,47 milhões.
Como funciona a prestação parcial das contas? Pela lei, nessas eleições, os candidatos tinham até terça (13) para prestar contas com a discriminação de todas as suas receitas e despesas realizadas até 8 de setembro.