O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve indicar, nos próximos dias, o subprocurador Paulo Gonet para a Procuradoria-Geral da República (PGR). O sinal de que Gonet irá para a cadeira antes ocupada por Augusto Aras foi dado por Lula durante jantar com ministros do Supremo nesta quinta-feira, 23, no Palácio da Alvorada. As informações são de Vera Rosa, do jornal Estadão.
Com a escolha, o presidente faz um gesto na direção dos ministros do STF Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes em um momento de descontentamento da Corte com o Planalto.
A insatisfação veio à tona depois que o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), votou a favor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita poderes do Supremo.
Gilmar e Moraes sempre defenderam Gonet, que também é vice-procurador-geral eleitoral, para o comando da PGR. Após a indicação, o nome terá de passar por sabatina no Senado.
Grupos de entidades do Judiciário, de movimentos sociais e de centrais sindicais, todos ligados à esquerda, divulgaram um manifesto, neta semana, pedindo a Lula para não nomear Gonet, considerado “ultraconservador”. Houve também muitas cobranças nas redes sociais, sob o argumento de que Gonet tem o apoio de bolsonaristas.
Uma outra ala do PT avalia, no entanto, que a escolha do subprocurador fará com que o presidente recompense o partido em outra oportunidade. Por esse raciocínio, a “compensação” poderá ocorrer se Lula indicar o ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, para a vaga de Rosa Weber no Supremo, ainda não preenchida.
Favorito dos petistas, Messias estava no jantar com Lula, Gilmar, Moraes e Cristiano Zanin, o mais novo ministro do STF, que tomou posse em agosto. O titular da Justiça, Flávio Dino, outro nome cotado para assumir uma cadeira na Corte, também compareceu.
Em conversas reservadas, interlocutores do presidente afirmam que ele deve indicar primeiro o procurador-geral da República para ser sabatinado no Senado. Com a ajuda de Messias, que é amigo de Jaques Wagner e tem bom trânsito político, Lula tenta diminuir a temperatura da crise com o Supremo, provocada após a votação da PEC que restringe decisões individuais dos magistrados.