O presidente Lula da Silva (PT) se surpreendeu ao saber que a informação sobre o procedimento a que ele será submetido na manhã desta quinta-feira (12) não havia sido incluída no boletim médico sobre sua saúde divulgado ao meio-dia pelo hospital Sírio-Libanês, em que ele está internado desde a última segunda-feira (9).
De acordo com fontes de Malu Gaspar, do O Globo, que estão em contato com os médicos e com o casal presidencial, o presidente advertiu o cardiologista Roberto Kalil, seu médico pessoal, ao saber que o plano da equipe médica era só informar sobre o cateterismo que será feito para evitar novos sangramentos depois que o procedimento ocorresse.
“Se amanhã alguém souber, vão pensar que estou morrendo”, disse Lula, para quem um vazamento seria inevitável – e muito ruim do ponto de vista da comunicação, uma vez que os médicos garantem que se trata de um procedimento simples e que já se sabia que poderia ser necessário.
De acordo com Kalil, a decisão pela intervenção foi tomada nesta quarta-feira pela equipe de médicos do presidente.
Na entrevista coletiva que fez nesta quarta-feira na porta do hospital, sem prévio aviso, o próprio Kalil afirmou que Lula e a primeira-dama, Janja, exigiram a divulgação do cateterismo.
“Na coletiva marcada para amanhã, às 10h, íamos comentar como o procedimento seria realizado, mas o presidente e a dona Janja fizeram questão de divulgar no boletim antes do procedimento”, declarou Kalil aos jornalistas.
A informação foi incluída em novo boletim, divulgado agora há pouco.
Lula está internado desde a noite de segunda-feira no Sírio-Libanês, em São Paulo, por conta de uma hemorragia intracraniana, consequência de um tombo que tomou em 19 de outubro, quando bateu a nuca. Na ocasião, ele recebeu pontos e curativos.
Mas um hematoma subdural foi constatado na noite de segunda-feira, depois que o presidente teve uma forte dor de cabeça, após exames na unidade do Sírio-Libanês em Brasília. Após o diagnóstico, os médicos do presidente optaram por removê-lo para São Paulo, onde foi operado na madrugada de terça-feira (10).
No comunicado desta quarta-feira (11), reproduzido na página oficial do Palácio do Planalto e nas redes do presidente, o hospital informou que Lula permanecia internado “sob cuidados intensivos para o tratamento de hemorragia intracraniana” e que sua evolução no pós-operatório imediato havia sido “boa” e “sem intercorrências”, mas não mencionou o procedimento que supostamente já estaria programado.
“Está lúcido, orientado, conversando e passou a noite bem. O presidente permanece ainda com dreno enquanto aguarda novos exames de rotina. Segue sob acompanhamento da equipe médica, sob os cuidados do doutor Roberto Kalil Filho e da doutora Ana Helena Germoglio”, seguiu o boletim, assinado pelo diretor de governança clínica do Sírio, Luiz Francisco Cardoso, e Álvaro Sarkis, diretor clínico.