O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou nesta quinta-feira (6) que completa 100 dias de Governo, que os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), cheguem a um acordo sobre o rito de tramitação das medidas provisórias e outros impasses na relação entre as duas Casas.
Lira e Pacheco debatem em público e no privado, há mais de um mês, qual será o rito para a análise das MPs no Congresso. Lira defende a tramitação expressa adotada na pandemia, enquanto Pacheco quer voltar às regras anteriores, que incluem uma comissão mista com número igual de deputados e senadores.
“Nós temos, pelo menos é o que eu vejo pela imprensa, uma divergência entre o presidente do Senado e o presidente da Câmara. Quem é que pode mais, quem é que pode menos. Já tive oportunidade de conversar [com eles] e eu tenho certeza que os dois vão se colocar de acordo, para começar a votar coisa que precisa ser votada. Porque o país não pode ficar parado”, disse.
Lula deu a declaração em um café com jornalistas no Palácio do Planalto, em Brasília. Questionado sobre a relação com o Congresso, o presidente disse que não sente “dificuldades” no Legislativo e que a base aliada do governo ainda não passou por nenhum grande teste.
“Eu até hoje não senti nenhuma dificuldade com o Congresso Nacional. Eu não era presidente ainda e nós conseguimos aprovar a PEC [da Transição], que parecia ser impossível e foi aprovada. Nós ainda não tivemos um teste”, avaliou.
“É muito difícil você pensar em um sistema de coalizão política com a quantidade de partidos que nós temos. É muito mais fácil você fazer coalizão num mundo que tenha três, quatro partidos políticos. Mas com 30 partidos políticos, é muito complicado você fazer coalizão porque é muita gente para você conversar”, seguiu analisando o presidente.
Segundo Lula, esse “teste” da base aliada virá na votação de projetos como o arcabouço fiscal e a reforma tributária, que demandam grande apoio de parlamentares e podem sofrer grandes alterações durante a tramitação.
‘Vamos esperar, por exemplo, a politica tributária que é o teste para o Brasil, não é um teste pro governo, e vamos ver o que vai acontecer. Eu vou te dizer antecipadamente. Eu tenho certeza que vai ser aprovada uma política tributária que tente resolver em parte do problema da tributação desse país”, declarou.