O presidente Lula da Silva (PT) cobrou do governo federal maior enfrentamento com a oposição do Congresso Nacional como forma de diminuir as derrotas da gestão no Parlamento, apurou Sofia Aguiar, do Broadcast Político. Além de uma presença maior da base do governo nos plenários, o chefe do Executivo pretende ser mais ativo nas negociações com os congressistas.
Os recados foram dados na segunda-feira (3) durante reunião para alinhar a articulação da gestão com o Congresso. Além de Lula, participaram da agenda o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, os secretários executivos da Fazenda, Dario Durigan, e da Casa Civil, Miriam Belchior, assim como os líderes do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), e na Câmara, José Guimarães (PT-CE).
De acordo com fontes ouvidas pela reportagem, Lula quer maior enfrentamento dos partidos da base do governo contra a oposição no Congresso. A ideia é que as legendas que compõem a base ocupem cada vez mais os plenários para diminuir o peso que siglas da oposição preenchem.
Na reunião, o chefe do Executivo também afirmou que quer participar mais das negociações e retomar as reuniões de articulação, se colocando à disposição para ajudar na coordenação em votações importantes para a gestão. Para isso, o presidente disse esperar ser acionado quando tiver que pedir maior engajamento dos ministros indicados por bancadas do Congresso nas conversas com os parlamentares.
Os ministros das Comunicações, Juscelino Filho, do Esporte, André Fufuca, de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, e do Turismo, Celso Sabino, são alguns que foram indicados para os cargos por partidos que integram o bloco do Centrão. A maior participação deles no diálogo com as bancadas é vista como forma de melhorar a articulação da gestão federal e fazer cobranças em votações vistas como prioritárias.
O encontro desta segunda-feira ocorreu dias após o governo ter tido derrotas no Congresso. Na semana passada, entre outras matérias analisadas, deputados e senadores derrubaram o veto de Lula à saída temporária de presos, a “saidinha”, e mantiveram o veto do ex-presidente Jair Bolsonaro que impediu transformar em crime a disseminação de informação falsa em campanha eleitoral.
Na agenda desta manhã, Lula também mostrou incômodo com uma declaração de Guimarães à imprensa. Na semana passada, em entrevista à Folha de S.Paulo, o líder do governo na Câmara defendeu mudanças na gestão federal. O chefe do Executivo, contudo, pediu para que Guimarães evitasse dar declarações como essa à imprensa.
Após a reunião, Padilha, responsável pela articulação política do governo com o Congresso, minimizou as derrotas do governo no Parlamento. Segundo ele, o que ocorreu na semana passada não “surpreendeu” os articuladores do governo. “Temos que encarar a realidade, o Congresso tem posições conservadoras”, comentou o ministro em declaração à imprensa.
Padilha também disse que Lula está à disposição para receber líderes e vice-líderes do Congresso. De acordo com o ministro, “nada” substitui a presença e o contato do chefe do Executivo com os parlamentares.