O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) citou nesta sexta-feira (25) o assassinato da líder quilombola e ialorixá Bernadete Pacífico, de 72 anos, durante um discurso na Assembleia Nacional de Angola.
Segundo Lula, Mãe Bernadete foi “vítima da intolerância dos que querem calar os mais vulneráveis”.
Lula cumpre visita oficial ao país africano após participar da reunião do Brics em Joanesburgo, na África do Sul, entre terça (22) e quinta (24). Antes de retornar ao Brasil, o presidente passará ainda por São Tomé e Príncípe no fim de semana. As informações são de Guilherme Mazui, Pedro Alves Neto e Mateus Rodrigues, do portal g1.
“Aproveito esta sessão solene, na Assembleia Nacional de Angola, para prestar minha homenagem à grande Bernardete Pacífico, líder quilombola que atuou corajosamente pela defesa de sua comunidade na Bahia. Bernardete foi vítima da intolerância dos que querem calar os mais vulneráveis. O exemplo de mulheres como ela inspirou as atuais políticas de promoção da igualdade racial e de gênero, que são centrais no meu governo”, disse Lula.
Mãe Bernadete foi assassinada a tiros no quilombo Pitanga dos Palmares em Simões Filho, na região metropolitana de Salvador, na noite do último dia 17.
O corpo da ialorixá foi enterrado em Salvador – passada mais de uma semana, ninguém foi preso e os familiares de Bernadete deixaram o quilombo com medo de novos episódios de violência.
Giro pela África
Lula desembarcou em Angola na quinta-feira (24) após cumprir uma agenda de três dias na cúpula de líderes do Brics, em Joanesburgo, na África do Sul.
Durante o encontro dos líderes dos países do bloco, foi aprovado o convite para a entrada de seis países no grupo, incluindo a Argentina.
No sábado, Lula participará da inauguração da Galeria Ovídio de Melo no Instituto Guimarães Rosa, em Luanda.
O Instituto Guimarães Rosa é um órgão do Ministério das Relações Exteriores brasileiro voltado à diplomacia cultural e educacional do Brasil. Após a inauguração, Lula deve conceder uma entrevista coletiva na sede do próprio instituto.
Relações com o Congresso
Durante o discurso à Assembleia Nacional, o presidente voltou a dizer que precisa construir alianças políticas para dar governabilidade ao governo. Segundo Lula, nenhum deputado é obrigado a votar a favor de um pedido do governo.
“O fato de nós termos a diversidade política muito grande no Brasil, e terem disputados as eleições aproximadamente 30 e poucos partidos, e 17 partidos terem eleito pessoas, exige que o poder Executivo tenha uma capacidade muito grande de fazer e costurar alianças políticas”, afirmou o presidente.
De acordo com o presidente, é preciso que o governo tenha capacidade de convencer que as pautas apresentadas pelo executivo são para o bem do país.
“É o exercício da democracia 24h por dia. Não tem tempo de respirar e não tem tempo de descansar. Toda hora, a todo momento, de domingo a domingo, você tem que conversar com pessoas que você não gosta, com pessoas que não gostam de você”, declarou.