O Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou nesta quinta-feira (18) ao Japão para participar, na condição de convidado, da cúpula do G7 que acontece neste final de semana em Hiroshima.
Na cidade, atingida por uma bomba atômica americana em 6 de agosto de 1945, no final da 2ª Guerra Mundial, o petista terá uma agenda extensa, com nove reuniões bilaterais e um encontro com empresários, além da participação nos painéis do G7 onde tentará frear críticas à Rússia pela guerra travada contra a Ucrânia.
A guerra na Ucrânia e seus impactos na geopolítica e economia globais são um dos principais temas do G7, grupo que reúne Estados Unidos, Japão, Itália, França, Reino Unido, Alemanha e Canadá. Além do Brasil, foram convidados a participar Austrália, Comores, Ilhas Cook, Indonésia, Índia, Vietnã e Coreia do Sul.
Segundo o Estadão, a expectativa é que os membros do G7 emitam um comunicado ao final da cúpula endurecendo o tom contra a Rússia. Haverá, contudo, um segundo texto, este também assinado pelos países convidados, e que deve ser alvo de negociação. O Brasil tentará convencer os pares a focar o documento em segurança alimentar, com menção cautelosa sobre a guerra, sem adotar um tom crítico a Moscou. O Itamaraty e o próprio Lula têm buscado uma postura de neutralidade no conflito.
“Naturalmente, o governo brasileiro negocia essa linguagem para que seja compatível com a linguagem que o Brasil tem usado sobre o tema, inclusive tem defendido na negociação de resoluções em diversas instâncias internacionais, como a própria ONU”, afirmou na semana passada o embaixador Maurício Lyrio, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros. “Nossa visão é que a ênfase desse documento deve ser de fato a segurança alimentar, já que esse é o tema principal”, acrescentou, sobre o documento a ser elaborado.
A agenda oficial de Lula em Hiroshima começará às 17 horas de sexta-feira, pelo horário local, 5 horas da manhã no Brasil, com um encontro com o primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese; e terminará na segunda-feira, com uma coletiva de imprensa logo antes do retorno ao Brasil.
O presidente terá reuniões bilaterais com os seguintes líderes:
Na sexta-feira
- Primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, na sexta-feira.
No sábado:
- Primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida
- Presidente da Indonésia, Joko Widodo
- Primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi
- Presidente da França, Emmanuel Macron
- Chanceler da Alemanha, Olaf Scholz
No domingo:
- Primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau
- Secretário-geral da ONU, António Guterres
- Presidente do Vietnã, Vo Van Thuong.
- Encontro com empresários
Ainda está em negociação um encontro com a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, para ampliar os esforços do governo em prol de um socorro internacional à Argentina, que enfrenta uma grave crise econômica.
No domingo à noite, Lula tem encontro marcado no domingo com empresários brasileiros que estiveram na semana passada, em Tóquio, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
De acordo com informações do Ministério das Relações Exteriores, estarão com Lula representantes dos conglomerados Mitsui, NEC (tecnologia da informação e eletrônica), Nippon Steel e Toyota, além de representantes do banco de financiamento JBIC.
No encontro com Haddad, esses mesmos representantes levaram a demanda por um acordo comercial entre Japão e Mercosul.
A presença da Toyota chama a atenção no momento em que o governo quer lançar um programa de incentivo a carros populares.
Lula viajou acompanhado pela primeira-dama Janja da Silva, pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e pelo diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.