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sábado 31 de outubro de 2020 às 12:39h

Lucro da Vale mais que dobra neste ano e vai a R$ 15 bilhões

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A Vale registrou um lucro líquido de R$ 15,6 bilhões no terceiro trimestre de 2020, mais que o dobro dos R$ 6,5 bilhões registrados no mesmo período do ano passado. O melhor resultado aconteceu principalmente pelo aumento de 26% dos preços realizados de minério de ferro e pela alta de 20% no volume de vendas no período.

A empresa segue em crescimento desde a ruptura da barragem de Brumadinho, em janeiro de 2019, que deixou um rastro de destruição na região – com 237 mortos e 33 desaparecidos – e levou ao aumento nas restrições para a operação de barragens de rejeito de minério no país.

A mineradora já havia registrado lucro de R$ 5,3 bilhões no segundo trimestre de 2020, com efeitos positivos da retomada da demanda chinesa por minério de ferro. Mesmo com a pandemia do novo coronavírus, a empresa fechou o primeiro semestre com lucro acumulado de R$ 6,2 bilhões.

Segundo a empresa, a reparação de Brumadinho continua sendo uma prioridade. Em agosto, as buscas e resgate foram retomados depois de cinco meses de suspensão por causa da pandemia da Covid-19. Onze vítimas ainda estão desaparecidas. A mineradora também apontou que o processo de indenização continua por videoconferência.

De acordo com o relatório do terceiro trimestre, 600 pessoas foram adicionadas aos acordos de indenizações desde o trimestre anterior, contemplando agora 8.200 pessoas.

Além disso, o Sistema Norte atingiu um recorde de produção trimestral, enquanto os Sistemas Sul e Sudeste melhoraram o desempenho em todas as unidades operacionais, especialmente no Complexo Itabira e no site de Timbopeba, que operou por um trimestre completo após o retorno em junho, e com a retomada na mina de Fazendão em julho.

“Ao mesmo tempo em que continuamos firmes no compromisso com a reparação integral de Brumadinho, neste trimestre alcançamos um marco importante na estabilização da nossa produção, com o recorde histórico de produção no Sistema Norte, um grande passo para o de-risking de nossa companhia”, disse Eduardo Bartolomeo, presidente da Vale.

Com os resultados do terceiro trimestre de 2020, a dívida líquida da Vale ficou em seu nível mais baixo desde o quatro trimestre de 2008, atingindo US$ 4,47 bilhões (R$ 25,6 bilhões), uma redução de US$ 223 milhões (R$ 1,2 bilhão).

No balanço, a Vale aponta que a dívida expandida da empresa, que inclui compromissos relevantes, US$ 844 milhões reduziu (R$ 4,8 bilhões, segundo a conversão atual) por causa, principalmente, de menores compromissos relacionados a Brumadinho e Samarco & Fundação Renova.

De acordo com a empresa, isso reflete os pagamentos efetuados durante o trimestre e a desvalorização do real, que foram parcialmente compensados pelo efeito de swaps cambiais no período. Agora, a dívida líquida expandida está em US$ 14,46 (R$82,88 bilhões).

Já a dívida bruta reduziu US$ 3,5 bilhões (R$ 20 bilhões), totalizando agora US$ 13,44 bilhões (R$ 77 bilhões). A queda foi resultado da emissão de US$ 1,5 bilhão (R$ 8,6 bilhões) em notas com vencimento em 2030 com cupom de 3,75% ao ano e o repagamento das linhas de crédito rotativo de US$ 5 bilhões (R$ 28,6 bilhões) pagas no início de 2020.

Em setembro, o conselho de administração da Vale aprovou a distribuição de R$ 12,4 bilhões a seus acionistas como remuneração pelo lucro nos primeiros trimestres de 2020.

Foi a segunda vez que a mineradora remunerou acionistas desde o desastre de Brumadinho (MG), que deixou 272 mortos em janeiro de 2019. Em agosto, a companhia pagou R$ 7,25 bilhões como remuneração pelo resultado de 2018. A operação foi aprovada em dezembro pelo conselho de administração da companhia.

Para analistas, o anúncio indicou que a companhia não vê mais grandes desembolsos para remediar os danos ou indenizar vítimas e passará a focar na remuneração de seus acionistas. A retomada da remuneração aos acionistas havia sido aprovada em dezembro, mas suspensa novamente após o início da pandemia.

Também antes da pandemia, a empresa já havia anunciado o retorno do pagamento de bônus aos executivos. Em assembleia realizada no dia 30 de abril, já durante a crise, os acionistas aprovaram um pacote de remuneração que incluía R$ 19 milhões em prêmios para a diretoria pelo desempenho em 2019.

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