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A Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) concedeu com a presença de diversas autoridades e políticos, o Título de Cidadão Baiano ao empresário português Jorge Afonso Campos Rebelo de Almeida, fundador do grupo hoteleiro Vila Galé. Ao agradecer a honraria, ele fez uma defesa da questão ambiental como grande trunfo no turismo e que o país só vai perder “se continuarmos a destruir a mata atlântica e se continuarmos a fazer selvageria urbanística ou paisagística”.
A iniciativa de homenagear Jorge Rebelo rendeu elogios ao proponente da honraria, deputado Eduardo Sales (PP), e ao próprio Legislativo ao longo dos discursos de saudação proferidos na manhã desta sexta-feira (6), durante a sessão de outorga do título repleta de autoridades, muitas delas ocupando ou que ocuparam postos no trade turístico.
O presidente Adolfo Menezes abriu os trabalhos, rapidamente promovendo a composição da mesa, composta pelo proponente, o secretário de Turismo do Estado, Maurício Bacelar, os deputados federais João Carlos Bacelar (PL) e João Leão (PP); os prefeitos de Mata de São João, João Gualberto (PSDB), e de Camaçari, Elinaldo Araújo (União Brasil); o ex-governador Paulo Souto, o presidente do Fecomércio, Kelsor Fernandes; o presidente da Associação Comercial da Bahia, Paulo Cavalcanti; os cônsules de Portugal na Bahia, Jorge Fonseca, e da Guatemala, Glicério Santan, além de Fausto Franco, ex-secretário de Turismo da Bahia, e Vinicius Lummertz, ex-secretário de Turismo de Viagens de São Paulo.
Jorge Rebelo foi convidado a adentrar o recinto, ao som de “São Salvador”, de Dorival Caymmi, apenas no solo de sax de Daniel Duarte, e muitos aplausos. Foi a vez de todos perfilarem para ouvir o Hino Nacional, também sob o mesmo solo. Diante da lista expressiva de interessados em se pronunciar, Adolfo, agilmente, deu a palavra a Salles para fazer o principal de discurso de elogio do ato. O parlamentar classificou o empresário como um midas, “um visionário capaz de mudar para melhor a realidade dos locais em que investe. Os exemplos são inúmeros na Bahia e no mundo”, disse.
“Esse título foi aprovado por unanimidade pelos 63 deputados, o que significa que essa é uma outorga de 15 milhões de baianos”, afirmou o deputado, ressaltando que se trata de um agradecimento da população pelo “seu compromisso com nossa terra”. O parlamentar lembrou que conheceu o homenageado há 20 anos, durante reunião da Câmara de Comércio Brasil Portugal em que ele, Salles, foi eleito presidente. “Nestas duas décadas de convívio com Jorge Rebelo, minha admiração só fez crescer”, disse.
O empresário português é formado em Direito e exerceu advocacia até 1987, quando criou o primeiro Hotel Vila Galé, na praia de mesmo nome, no Algarve, em Portugal, passando a atuar no setor de turismo. Hoje são 41 hotéis, sendo 31 em Portugal, dez no Brasil, dois dos quais na Bahia, sendo um em Salvador e outro em Guarajuba, único do gênero de Camaçari, conforme ressaltou o prefeito Elinaldo, em seu discurso.
Amigos
No discurso de agradecimento, Jorge mostrou não só amor ao Brasil como muita admiração. Para ele, o país já tem tudo para dar um salto no turismo, como os costumes das pessoas, onde é muito fácil se fazer amigos, a cultura, as paisagens naturais.
“O que falta é que seja feito o dever de casa”, citando exemplos de problemas como os altos preços dos voos domésticos. Ele disse que “ninguém acredita que o Brasil recebe seis milhões de turismo desde o tempo do Walfrido Mares Guia (ministro do turismo entre 2003 e 2005). A título de comparação, citou Portugal que, com um território mínimo, recebe 27 milhões. Ele aproveitou para puxar um aplauso a Adolfo pela sensibilidade muito grande que tem em relação ao turismo. Pouco antes, o presidente havia falado sobre a importância da atividade por ser uma indústria limpa e ter muito potencial.
As palavras de Jorge Rebelo revelaram uma visão bem mais ampla do que uma percepção mais setorizada. Ele, por exemplo, falou da repercussão negativa da violência no turismo e foi enfático: “Não temos que melhorar a segurança ou infraestrutura por causa dos turistas, temos que melhorar tudo isso (e muito!) por todos nós que aqui andamos, a prioridade é essa”.
A questão ambiental também foi tratada durante o pronunciamento: “É fundamental para o desenvolvimento do turismo no país preservar o ambiente”, disse. Aos risos, contou que reclamou da burocracia (incluindo a ambiental) com o então governador do Ceará Tasso Jereissati, quando instalou seu primeiro hotel no Brasil. “Ele me disse: ‘Ó Jorge, tu não deverias queixar disso, quem trouxe isso pra cá foram vocês, portugueses”. Ao que ele respondeu: “Mas vocês capricharam”.
Elogios
João Gualberto ocupou a tribuna para falar de uma relação de amizade e negócios há mais de 20 anos. Ele lembrou que um dia havia estado naquela tribuna para receber a mesma honraria, uma vez que é sergipano e foi acolhido na Bahia. O deputado Bacelar classificou Jorge de empresário arrojado, lembrando que no auge da pandemia, ele o encontrou na inauguração de um empreendimento em São Paulo e teria dito na ocasião: “Acredito que o Brasil vai sair na frente durante a retomada”. Ele aproveitou a presença de Fábio Vilas-Boas, ex-secretário da Saúde, para agradecer por ter feito a apresentação entre os dois.
Leão disse que estava superando a dor de duas costelas quebradas para prestigiar “essa figura maravilhosa, um empresário do mundo”. Maurício trouxe uma saudação especial do governador Jerônimo Rodrigues e fez um amplo relatório da atividade turística na Bahia. Vinícius Lummertz fez um discurso enfático ao dizer que o país pensa muito pouco o turismo e comparou a exploração da atividade em Salvador e em Istambul, na Turquia, onde eles entendem o setor como plataforma estratégica.
