O rígido “lockdown” adotado na China por causa da covid-19 voltou a afetar o transporte marítimo no Brasil, agravando a crise logística iniciada com a pandemia. Exportadores têm sofrido com novos aumentos nos fretes e dificuldade para escoar os produtos na rota Brasil-Ásia – principalmente aqueles que dependem de contêineres refrigerados, como a indústria de carne. Na importação, há atrasos e cancelamentos de viagens, o que deverá repercutir nos preços nos próximos meses.
Crise na China afeta logística no Brasil
Na rota da Ásia, a principal do mercado brasileiro, os preços, que já estavam em um patamar elevado, subiram mais desde março. Neste mês, o valor chegou a US$ 6.800 por contêiner refrigerado de 40 pés, no mercado de curto prazo. Na comparação anual, a alta foi de 58%, segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), com números da consultoria Solve Shipping. Para contêineres regulares de 20 pés, o valor do frete chegou a US$ 2.400 em abril, um crescimento anual de 50%.
Na importação, os fretes ainda não foram afetados, mas a expectativa é que os preços, que vinham em queda, voltem a subir. Neste mês, o valor está em US$ 5.300 por contêiner de 20 pés, segundo a CNI. Trata-se de nível ainda alto para a série histórica, mas abaixo dos picos dos últimos meses. “O frete tende a subir assim que o ‘lockdown’ acabar, porque haverá uma demanda reprimida a ser escoada”, diz Leandro Barreto, sócio da Solve Shipping.
A situação é mais grave para a exportação, em razão do congestionamento nos portos chineses, sobretudo no de Xangai, que concentra os principais terminais de contêineres do mundo. Sem espaço de armazenamento e sem tomadas disponíveis para os contêineres, algumas empresas de navegação interromperam os pedidos de cargas refrigeradas ou têm desviado os navios para outros portos chineses – que, por sua vez, também começam a ficar lotados, gerando um efeito-cascata.
Os analistas destacam que, para além das restrições na China, a guerra na Ucrânia é outro fator a afetar custos.