Em um aceno ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou atrás segundo a coluna de Lauriberto Pompeu, do O Globo, e tornou sem efeito a demissão de um aliado do deputado no Departamento Nacional de Obras contra a Secas (Dnocs). Fernando Marcondes Araújo Leão havia sido removido do comando da autarquia no primeiro dia do novo governo, 1º de janeiro, mas retornou ao posto 13 dias depois. O recuo ocorreu após um pedido do parlamentar, um dos principais caciques do Centrão.
Marcondes foi indicado por Lira para o cargo ainda em 2020, quando o deputado era líder do PP na Câmara e havia iniciado uma aproximação com o governo do então presidente Jair Bolsonaro visando ser eleito presidente da Câmara. A escolha foi uma maneira de Lira atender a aliados em Pernambuco, uma vez que o presidente do Dnocs é ligado ao deputado Sebastião Oliveira (Avante-PE).
De acordo com aliados do presidente da Casa dentro do PP, Lira e o presidente nacional do Avante, deputado Luís Tibé (MG), cobraram o governo petista para que a exonoeração de Marcondes fosse revista, como acabou acontecendo. A informação foi publicada pelo site Metrópoles e confirmada pelo jornal O Globo.
Antes da pressão de Lira e do Avante, a intenção do governo era oferecer o comando do Dnocs nas negociações com partidos que ainda não fazem parte da base aliada. A autarquia tem um orçamento de cerca de R$ 900 milhões previsto para 2023.
O órgão é destino de parte das emendas parlamentares, assim a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), que durante o governo passado teve influência do líder do União Brasil na Câmara, deputado federal pela Bahia, Elmar Nascimento. A exemplo do que aconteceu com Lira, Elmar quer manter o apadrinhado Marcelo Moreira no comando da Codevasf.
O recuo na exoneração de Marcondes foi anunciada na edição do Diário Oficial da União do dia 13 de janeiro e assinada pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa. O Dnocs faz parte da estrutura do Ministério da Integração Nacional. Lira tentou emplacar Elmar Nascimento como ministro, mas o pedido foi vetado pelo PT da Bahia e o escolhido foi um indicado do senador Davi Alcolumbre (União-AP), o ex-governador do Amapá Waldez Goes.