segunda-feira 3 de março de 2025
O ex-presidente da Câmara Arthur Lira — Foto: Brenno Carvalho/O Globo
Home / DESTAQUE / Lira faz maratona com prefeitos por vaga no Senado e se distancia de ministério no governo Lula
domingo 2 de março de 2025 às 07:10h

Lira faz maratona com prefeitos por vaga no Senado e se distancia de ministério no governo Lula

DESTAQUE, ELEIÇÕES 2026, NOTÍCIAS


Após quatro anos no comando na Câmara e com voz ativa em articulações e decisões com impacto sobre os governos de Jair Bolsonaro (PL) e Lula da Silva (PT), Arthur Lira (PP-AL) voltou aos bastidores. O gabinete da presidência foi trocado por outro, também espaçoso, e as reuniões com chefes de Poderes deram lugar a encontros com prefeitos que ele pretende atrair para o projeto de candidatura ao Senado no ano que vem. O cálculo eleitoral também provocou efeito sobre um passo mais imediato e o distanciou da Esplanada dos Ministérios. Aliados que defendiam a entrada na gestão petista como forma de seguir em evidência agora veem segundo Camila Turtelli, do O Globo, com menos entusiasmo a possibilidade diante do tombo na popularidade de Lula.

Um convite não chegou a ser feito, mas no governo e no entorno de Lira havia quem defendesse, por exemplo, que ele assumisse o Ministério da Agricultura no lugar de Carlos Fávaro. O movimento esfriou no ritmo do aumento da reprovação a Lula, em patamar recorde dos seus três mandatos — quatro a cada dez brasileiros consideram a gestão ruim ou péssima, segundo o Datafolha. Enquanto isso, Lira se volta para dentro. No começo do mês, ele realizou dois encontros com prefeitos e aliados na sua fazenda de gado nelore, a Santa Maria, em São Sebastião (AL), a 130 quilômetros de Maceió.

O ex-presidente da Câmara Arthur Lira com prefeitos alagoanos em sua fazenda — Foto: Reprodução/redes sociais
O ex-presidente da Câmara Arthur Lira com prefeitos alagoanos em sua fazenda — Foto: Reprodução/redes sociais

Os eventos reuniram políticos do seu partido, o PP, e de outras siglas, inclusive o MDB, de Renan Calheiros, senador e seu adversário. Em Alagoas, há um grupo de aproximadamente 15 prefeitos emedebistas que apoiam o mandato de Lira como deputado federal. Segundo participantes, o deputado prometeu estar mais próximo da sua base neste ano, se comprometeu a visitar municípios, mas não deixou claro para os convidados qual é o plano — nos bastidores, sabe-se que é o Senado. Procurado, Lira não se manifestou.

— O resumo é que Lira disse: “Estamos juntos e conto com vocês. Não temos nenhuma posição definida, mas, quando for oportuno, vou conversar com vocês” — revelou o prefeito de São Miguel dos Campos, Gilberto Clemente (MDB).

A dedicação à base eleitoral ao longo de fevereiro, logo após deixar a cadeira de presidente da Câmara, incluiu ainda um evento da Associação dos Municípios de Alagoas, ao lado do prefeito de Maceió, JHC (PL), e a posse do presidente do Tribunal de Justiça do estado, o desembargador Fábio José Bittencourt Araújo.

Segundo aliados, há uma fila de convites para dar palestras e participar de eventos, principalmente na área econômica, em que ele tentou deixar uma marca durante a gestão com a aprovação de projetos como a Reforma Tributária. Após participar na semana passada de um debate promovido pela Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca), em Brasília, Lira disse nas redes sociais seguir “trabalhando para fortalecer o ambiente de negócios no país”.

Paralelamente, o deputado foi alçado pelo PP para negociar a possível federação com União Brasil e Republicanos, missão difícil que encontra empecilhos em questões locais.

Ele tem participado de reuniões com o presidente do PP, o senador Ciro Nogueira (PI), a senadora Tereza Cristina (PP-MS) e o deputado Doutor Luizinho (PP-RJ). Nogueira quer Lira mais dedicado ao crescimento do partido e, inclusive, já ofereceu a ele a presidência da federação, que deve ser rotativa entre os demais dirigentes das siglas, caso o plano seja concretizado.

Na rotina da Câmara, Lira não tem participado das reuniões em que seu sucessor, Hugo Motta (Republicanos-PB), debate a pauta com os líderes da Casa, mas marca presença em encontros mais restritos. Participam dessas conversas mais reservadas, além de Motta, nomes como os líderes do MDB, Isnaldo Bulhões (AL), um dos cotados a assumir o lugar do ministro Alexandre Padilha na articulação política, e do PP, Doutor Luizinho (RJ), aliado de longa data.

‘Descanso’, mas nem tanto

Nos bastidores, não há relatos de sinais de que Lira queira assumir imediatamente posições de comando, a exemplo da presidência de comissões, ou mesmo abocanhar relatorias de peso, como a do orçamento, por exemplo. Aliados dizem que, ao menos no início do ano, o ex-presidente da Câmara deseja “descansar um pouco das articulações”.

No plenário, onde ocupou ao longo dos últimos quatro anos o posto de mais destaque, ele tem sido pouco visto pelos colegas — ainda não registrou votos, tampouco projetos. O deputado tem ficado no seu novo gabinete, reformado especialmente para ele no prédio principal da Casa, em um espaço privilegiado, como é de praxe aos ex-presidentes. Mais espaçoso do que os demais, o gabinete tem banheiro próprio, o que não é corriqueiro.

Logo na entrada, há um quadro com um esboço da arquitetura do Congresso, além de revistas sobre a atuação de Lira como deputado. Há ainda pequenas salas, onde os servidores podem se reunir. Esse foi o gabinete usado para uma conversa com Isnaldo na terça-feira, enquanto Lula acertava a saída de Padilha das Relações Institucionais para o Ministério da Saúde.

—Ele (Lira) está mais leve, voltou a ser brincalhão—disse o deputado Júlio Arcoverde (PP-PI), presidente da Comissão de Orçamento.

Funcionários que trabalham com o ex-presidente, da Casa dizem que ele tem despachado do novo gabinete inclusive em dias em que a Câmara fica vazia, como às segundas, e que, embora a agenda esteja mais tranquila, o ritmo de trabalho não diminuiu muito.

— Não cheguei aqui sozinho e não saio daqui sozinho — disse Lira em seu discurso final na cadeira de presidente, em 1º de fevereiro.

Veja também

Milei diz na abertura do Congresso que sua motosserra simboliza uma ‘mudança de época’

O presidente argentino, Javier Milei, afirmou neste último sábado(1º), durante seu discurso na abertura anual …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Content is protected !!