O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tem dito aos aliados segundo Tales Faria, do Uol, que o compromisso de apoio a projetos prioritários do governo, assumido com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), termina em julho.
A partir daí, ou o Planalto muda o relacionamento com a base de apoio no Congresso, ou terá “grandes dificuldades” pela frente.
Julho é apontado como o “turning point” para essa mudança poque é quando Arthur Lira prevê que estará aprovada a reforma tributária. O projeto faz parte das prioridades acertadas entre ele e o presidente da República.
Ontem foi aprovado o regime de urgência para a votação de outra prioridade: do marco fiscal. na quarta-feira, 24, o projeto deverá ter seu mérito votado e aprovado. Na semana seguinte, será apresentado o parecer do relator da reforma tributária, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), ao projeto de reforma tributária. O texto terá todo o mês de junho para discussão até ser aprovado.
A outra prioridade que Lira havia acertado com Lula foram os projetos que permitiram a transição do governo Bolsonaro para o de Lula, com verbas para o Bolsa Família, para o reajuste do salário mínimo e a reorganização da Esplanada dos Ministérios.
Nas contas do presidente da Câmara, todos esses projetos foram votados sem que a base parlamentar do governo tivesse os votos necessários. Foram seus aliados que garantiram a aprovação.
Nesta quarta-feira, por exemplo, na votação da urgência para o marco fiscal, foram 367 votos a favor e apenas 102 contrários. Os aliados do presidente da Câmara calculam que, no máximo, o governo obteria 252 votos. Pelo menos 115 foram acrescentados por esforço pessoal de Arthur Lira.
Para Lira e seu grupo, a mudança no relacionamento do governo com o Congresso passa também por uma reforma ministerial. A mudança deve incluir, principalmente, a área de comunicação e de articulação política do governo, assim como os representantes do União Brasil na equipe ministerial.
Não há nenhum sinal do presidente Lula de que ele pretenda satisfazer integralmente os desejos de Lira e seu grupo.
Os articuladores políticos do governo defendem que, se Lula entregar os anéis, logo o centrão vai querer não só os dedos como o corpo inteiro do governo. Foi o que aconteceu com o ex-presidente Jair Bolsonaro.