O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), pautou para esta quarta-feira (27) a votação de um decreto legislativo para derrubar a exigência de visto para turistas dos Estados Unidos, Canadá e Japão. O governo Lula determinou a retomada da cobrança da autorização a partir de 10 de abril, seguindo a tradição diplomática brasileira de reciprocidade: ou seja, exigir visto de cidadãos de países que fazem o mesmo com brasileiros.
Segundo apurou Augusto Tenório , Eduardo Gayer e Roseann Kennedy, da Coluna do Estadão, Planalto e Itamaraty foram pegos de surpresa com a entrada do projeto na pauta do dia. O relator da derrubada da exigência de visto é o deputado federal Lucas Redecker (PSDB-RS), presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Casa e crítico à política externa do governo Lula.
Nos bastidores, o movimento de Lira é visto como um gesto à oposição após o líder do Centrão ter feito acenos ao Palácio do Planalto. Ele também pautou para esta quarta-feira o projeto que recria a indenização por Danos Pessoais por Veículos Automotores Terrestres (DPVAT), proposta apoiada pelo governo.
O visto obrigatório foi abolido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2019, mas retomado no governo Lula. Como mostrou a Coluna do Estadão, em dezembro o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) articulou a prorrogação da isenção de vistos para entrada no Brasil desses cidadãos australianos, canadenses e americanos. O prazo se esgotaria em 10 de janeiro e foi estendido para 10 de abril. A estratégia temporária visou a evitar impactos ao setor turismo durante a temporada de verão.
Para defender sua posição pela manutenção do visto, o Ministério das Relações Exteriores reuniu dados do banco de dados Travellyze que mostram o visto como a 11ª preocupação do turista europeu, longe de ser uma questão prioritária. As dez primeiras passam por questões de saúde, limpeza, segurança, tempo de viagem até o destino, disponibilidade de voos diretos, estabilidade política entre outras.